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Viseu, cidade segura de um país seguro num mundo inseguro: a realidade desmente a propaganda

 Viseu, cidade segura de um país seguro num mundo inseguro: a realidade desmente a propaganda
14.02.25
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 Viseu, cidade segura de um país seguro num mundo inseguro: a realidade desmente a propaganda

por
Carlos Vieira

Viseu é um dos cinco distritos mais seguros de Portugal, de acordo com um estudo recente, e, segundo afirmou, no mês passado, o comandante nacional da PSP, “com índices modestos de criminalidade”, uma diminuição da criminalidade geral e apenas mais um roubo por mês na via pública do que em 2023. Os crimes mais preocupantes são a condução sob o efeito do álcool e a violência doméstica. Fernando Ruas aproveitou para assegurar: “Viseu é uma cidade pacífica e segura (…) e não venham cá com outras percepções”. 

Ruas disse o óbvio. Já Carlos Moedas, apesar dos dados da PSP o desmentirem pela segunda vez, ao indicarem que a criminalidade geral e violenta em Lisboa teve em 2024 a segunda maior queda dos últimos 10 anos (menos 12,6% do que em 2023), insiste em aumentar a “percepção de insegurança”, a reboque da propaganda dos neo-fascistas que tentam ligar uma falsa crise de segurança ao aumento da imigração. É como se dissesse aos potenciais turistas: “cuidado, não venham visitar Lisboa, porque é uma cidade perigosa onde até já se roubou um relógio à mão armada!” Inteligente, não é?…

O primeiro-ministro tinha dado o pontapé de saída nesta corrida ao pânico securitário ao anunciar em horário nobre televisivo a mega campanha “Portugal Sempre Seguro”, para “reforçar a percepção de segurança no país”. Isto no 7.º país mais seguro do mundo! Só pode ser para disputar o eleitorado xenófobo do Chega. Azar: o director nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, desmentiu publicamente haver qualquer relação entre imigração e criminalidade, revelando números que provam que “o rácio de detidos estrangeiros é o segundo mais baixo desde que há estatísticas”, precisando que “não são imigrantes, mas estrangeiros envolvidos em organizações criminosas transnacionais, cibercrime ou estupefacientes”. E denuncia: “Temos hoje vários canais de televisão que passam uma e outra vez a notícia de um crime” e isso acaba por “criar uma ideia de insegurança” que é falsa. Essa é também a conclusão do Barómetro da Imigração que acusa a forma como os meios de comunicação social estão a repetir estereótipos sobre os imigrantes que acentuam a falsa ideia de uma invasão (um exemplo: longas filas às portas da AIMA, à espera de documentos que demoram mais de dois anos a obter), quando Portugal é um dos países da Europa com menor percentagem de imigrantes e todas as confederações patronais (agricultura e pescas, indústria e comércio) reclamam ao governo a entrada de milhares de imigrantes e a regularização dos que já cá estão. Esta necessidade geral de mão-de-obra é que faz o “efeito de chamada” e não o acolhimento legal e digno dos imigrantes que asseguram a sustentabilidade da segurança social a quem deram, em 2024, um saldo positivo de 1.800 milhões de euros. 

A realidade está a desmentir a propaganda do governo e do Chega, ao mostrar que acabar com a “manifestação de interesse” só veio agravar a imigração clandestina, dificultando a vida para as empresas e para os imigrantes. Mas Pedro Nuno Santos parece querer seguir o mau exemplo de outros centristas social-liberais europeus que, assustados com o ascenso da extrema-direita neofascista, colam-se ao discurso da direita que a incubou, resvalando para a valeta da desumanidade, ignorando os direitos humanos que tanto apregoam.

Exagero? Vejam a cumplicidade da União Europeia com o genocídio dos palestinianos. Quer por acção (vendendo armas ao Estado terrorista de Israel, tal como Biden e Trump), quer por omissão (recusando reconhecer o Estado da Palestina, contra várias resoluções da ONU, desde 1946, e cortar relações diplomáticas com os genocidas no poder em Israel com mandados de captura pelo Tribunal Penal Internacional). O autoproclamado “ocidente democrático e livre” mostra mais uma vez a verdadeira face do imperialismo dos EUA e a dos seus subservientes lacaios europeus, nostálgicos dos seus impérios coloniais. 

A realidade também está a desmentir a propaganda dos EUA e do seu braço armado, a NATO, de que é necessário os países europeus cortarem nas despesas sociais (Saúde, Educação, pensões) para aumentar a despesa com a Defesa (armamento), como defendeu o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, para quem “é altura de mudar para uma mentalidade de guerra”. Começaram por acordar um aumento de 2%. O PS aceitou para 2030. Montenegro antecipou para 2029, ou ainda mais cedo. Mas Rutte respondeu ao nosso primeiro-ministro, ao seu lado, (de forma tão indelicada como prepotente) que 2% já não é suficiente, sendo preciso ir além dos 3%. Trump exige 5%. O seu secretário da Defesa afirmou que estava incumbido de levar “a cultura guerreira” para o departamento de Estado. Por cá só a esquerda se opõe. Nuno Severiano Teixeira que foi ministro da Defesa e ministro da Administração Interna de governos do PS faz coro com a direita: “O investimento na defesa é um factor de desenvolvimento (…) é preciso equilibrar um pouco mais as despesas sociais”. 

A melhor defesa é o ataque… à ignorância, às desigualdades sociais e à pobreza. Num país com 2 milhões de pobres, onde nem 1% do PIB vai para a Cultura, e com tantas carências na Saúde, Habitação e Educação, seria obsceno um aumento para a Defesa de 2%, muito menos de 3% (o que equivaleria à compra de 7 submarinos por ano ou um aeroporto novo de Alcochete a cada dois anos, segundo o “Expresso”). 

Rutte argumentou com a ameaça da Rússia que consegue atingir a costa portuguesa. Como se Putin tivesse forças para entrar em conflito directo com a União Europeia/NATO e mais não quisesse do que manter a NATO longe das suas fronteiras, tal como os EUA quando a URSS enviou mísseis para Cuba em retaliação com a colocação de mísseis balísticos dos EUA na Turquia, o que quase provocou uma guerra nuclear. Recordo que Mário Soares, num artigo na Visão, em 2008, alertou: “A NATO (…) está a tornar-se uma ameaça à paz. Cuidado União Europeia”, aludindo à provocação do “braço armado dos EUA” ao expandir as suas bases para as fronteiras da Rússia. Mas a UE teve responsabilidades na guerra civil ucraniana que antecedeu a criminosa invasão russa e já tinha provocado 14 mil mortos, em oito anos. Merkel e Hollande reconheceram que os acordos de Minsk com a minoria russófona do Donbass (que também tem direito à autodeterminação) foram só para ganhar tempo e enganar Putin. 

Mas, também aqui, a realidade desmente a propaganda: afinal é o dono da NATO, os EUA de Trump, que ameaça invadir países da Europa, como a Gronelândia, território da Dinamarca, anexar o Canadá e ocupar o Canal do Panamá. Para além de ter negociado com o genocida Netanyahu a limpeza étnica da faixa de Gaza. 

Se a NATO não serve para nos defender dos paranóicos Trump e Musk à frente do Império mais criminoso e belicista do mundo, para que serve? Se os portugueses sofreram a mais longa ditadura ocidental do século XX foi porque a NATO incluiu o Portugal de Salazar na sua fundação em 1949. E foram os aliados da NATO que venderam à ditadura as armas com que o exército colonial português matou guerrilheiros dos movimentos de libertação e massacrou civis que resistiram às condições de trabalho escravo, num total de mais de 45 mil mortos. 

A NATO nunca foi um factor de paz. Durante as décadas de 1960, 70 e 80, organizou, em colaboração com a CIA, uma rede de exércitos secretos paramilitares em 14 países europeus da NATO, coordenados por serviços secretos militares (Rede “Stay Behind”), a pretexto de uma eventual invasão soviética, responsáveis por atentados terroristas de falsa bandeira, perpetrados por fascistas e ex-nazis. Em 1990, em Itália, o juíz Casson, enquanto investigava terroristas de direita, descobriu nos arquivos dos Serviços Secretos Militares a “Rede Gládio”, um exército secreto dentro do Estado. Objectivo: impedir a aliança do Partido Democrata-Cristão, de Aldo Moro, com o Partido Comunista (o 2º maior de Itália, na época), instaurando o terror bombista (491 mortos e 1181 feridos), e acusando falsamente a extrema-esquerda. E um plano semelhante ao golpe militar da Grécia, de 1967, que levou à brutal “ditadura dos coronéis”. Está tudo bem documentado no livro do premiado jornalista Eric Frattini, “A Manipulação da Verdade – Operações de falsa bandeira”. Recentemente, a RTP voltou a exibir o filme “Tina Anselmi: Uma Vida Pela Democracia”, de Luciano Manuzzi, sobre a ministra de Aldo Moro envolvida no inquérito parlamentar que levou o primeiro-ministro Andreotti a confirmar a ligação da Gládio com a NATO. 

Já para não falar dos bombardeamentos dos EUA e do RU a Bagdad e Falluja, no Iraque, com armas de destruição massiva, com o pretexto inventado de que era Saddam que as possuía. Ou com o bombardeamento de cidades sérvias pela NATO, em 1999, sem a aprovação da ONU. A cumplicidade com o genocídio em Gaza é a gota de água que exige a saída de Portugal da NATO. Para vivermos em Paz!

 Viseu, cidade segura de um país seguro num mundo inseguro: a realidade desmente a propaganda

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