Autor

Adolfo César Pereira

28 de 01 de 2022, 12:19

Colunistas

Novos Horizontes para Novas Gerações

O país tem falhado no essencial. Os problemas têm de ser atacados pela raiz e não pela rama

As novas gerações têm uma oportunidade de ouro para dar a volta por cima. No dia 30 de janeiro, temos de escolher rasgar novos tempos e novos ventos. Pelos mais novos, para que os jovens tenham um futuro melhor do que aquele que os nossos pais e avós tiveram.

Segundo um estudo potenciado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, 72% dos jovens recebem menos de 950 euros líquidos por mês e apenas 19% afirma que vive confortavelmente com o que ganha. Portugal precisa de melhores salários para conseguir reter os talentos que muitas das vezes procura melhor oportunidades noutros países, para dar o mote ao regresso de tanto os outros e para dar estabilidade financeira às novas gerações.

Inverter a tendência demográfica só é possível através de reformas estruturais da economia e das instituições. Não é suficiente majorações, discriminações positivas ou parcos benefícios fiscais. O país tem falhado no essencial. Os problemas têm de ser atacados pela raiz e não pela rama. Afinal, não se começa um prédio pelo telhado.
Outra consequência brutal da falta de preocupação com as novas gerações é quando um jovem não consegue sair de casa dos pais definitivamente. Segundo dados do Eurostat, em Portugal, os jovens só saem de casa dos pais, em média, aos 30 anos. Quatro anos a mais do que a média europeia. Esta realidade tem atrasado a constituição de novos agregados familiares e limitado a persecução dos projetos de vida que os jovens ambicionam levar a cabo.
As novas gerações necessitam de um Portugal estável, competitivo, capaz de criar riqueza para depois a distribuir. Urge incentivar as empresas a reinvestir os seus lucros e alivar o seu esforço fiscal. Os grandes empregadores são as empresas, independentemente da sua dimensão. Para inverter a tendência de baixos salários é preciso dar condições, mas sobretudo espaço ao tecido empresarial para que ele se possa solidificar. O Estado tem o dever de acompanhar as dinâmicas do país através da capacitação de mão de obra e da adaptação da força laboral, mas nunca de se substituir à própria economia. Uma economia sólida é capaz de aumentar o salário médio português.

Precisamos também de agentes políticos sérios e que não menosprezam a inteligência da sociedade viseense. Viseu tem um candidato a deputado à Assembleia da República em 2022 que adianta “ter o compromisso, na pessoa do ministro, que após a conclusão do IP3, o IC12 é uma realidade”. Isto é simplesmente “gozar” com quem trabalha e com o Distrito de Viseu.
A Infraestruturas de Portugal, numa reunião com autarcas da região em dezembro de 2021, afirmou que a finalização das obras do IP3 estão previstas para 2026. Data avançada com concursos sem estarem lançados para as empreitadas em falta.

A verdade é que temos, por isso, um candidato que, num puro ato de futurologia, já sabe quem será o ministro que terá responsabilidades, não na próxima legislatura, mas na legislatura depois da próxima, pelas infraestruturas. Além de saber o resultado das próximas eleições, já sabe quem as vai ganhar daqui a quatro anos.
As novas gerações não querem propostas vazias, miragens de políticas para o interior que assentam apenas e só no material. A sociedade viseense não merece ser insultada. No dia 30, podemos abrir a porta a Novos Horizontes para Viseu, para o Interior, e para Portugal!