Autor

Jorge Marques

17 de 12 de 2022, 08:27

Covid-19

Ainda há esperança!

As grandes empresas dos EUA começam a dar preferência para os mais altos cargos, a indivíduos com formação em filosofia ou eles vão fazê-la.

José Teixeira é o Presidente de um grande Grupo de Engenharia e Construção (dstgroup). Pode parecer um marciano, porque rouba á sua empresa horas de trabalho para dar aulas de filosofia aos seus trabalhadores. Faço isto, diz ele, porque o resultado é grande e o trabalhador fica mais competitivo. É um investimento com grande retorno, uma hora ao fim do dia, um dia por semana, já leva dois anos de experiência e estão inscritos nesta onda de formação 600 pessoas. Ele quer abrir o pensamento critico e plantá-lo nas suas empresas. Não, uma hora semanal a menos não reduz a produtividade, isso é uma falácia! (Jornal Público)
Este caso do investimento na filosofia pode parecer excêntrico, quando a prática corrente advoga o fim da teoria e a adoção exclusiva de grande quantidade de dados que tudo resolvem. Dizem que não há necessidade de modelos, porque eles são construídos pelos dados. Afastam-se então da teoria do comportamento humano. Esquecem que teoria é mais que modelo e algumas não podem ser substituídas pela análise dos dados. Os dados servem a rapidez e não substituem o pensamento. Face a este exagero, as empresas visionárias já perceberam que é o pensamento que fará a diferença e regressam á humanização do trabalho e das tecnologias. Foi também esta crise de pensamento que gerou crises na literatura, arte e no final machucou a economia!
É certamente isto que José Teixeira quer replantar para gerar pensamento critico nas suas empresas. Mas não se fica por aí, ele patrocina prémios de literatura, companhia de teatro, cria espaços de artes plásticas, faz leituras de grupo e conferências com temas das ciências sociais. Este investimento fez-lhe aumentar os ganhos!
Este não é um caso isolado! As grandes empresas dos EUA começam a dar preferência para os mais altos cargos, a indivíduos com formação em filosofia ou eles vão fazê-la. A resposta é simples, isso acontece porque eles pensam e trazem melhores e mais inovadoras soluções! Há um mundo de preconceitos em volta da gestão das empresas e organizações, na gestão da educação e cultura dos cidadãos. Que não fiquem dúvidas, o nosso maior défice atual é a falta de pensamento crítico dos cidadãos. É a obra que continua perigosamente em falta na nossa democracia, porque como dizia Vítor Hugo, a ignorância é o que nos está a sair mais caro!