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08 de 02 de 2022, 15:57

Diário

Câmara de Viseu “encosta” Viriato e aposta no funicular

Equipamento que liga o centro histórico à zona da Feira de São Mateus vai voltar a funcionar sobretudo durante o verão. Fernando Ruas diz que não encontrou nada na Câmara sobre o Viriato, o veículo autónomo que iria substituir o funicular

Funicular Viseu

Fotógrafo: Foto de arquivo

O funicular vai continuar a funcionar no centro histórico de Viseu. A garantia foi dada pelo presidente da Câmara, Fernando Ruas, que disse que o equipamento vai retomar ainda que apenas em alguns períodos do ano.

Segundo os planos da autarquia, o funicular – que parou no ano passado devido a um problema técnico – vai operar na Páscoa, nos meses de julho, agosto e setembro, incluindo no período da Feira de São Mateus, e também na última quinzena de dezembro.

Fernando Ruas diz ainda que, quando regressou à autarquia em outubro do ano passado, não encontrou qualquer informação sobre o Viriato, o veículo autónomo e elétrico sem condutor que iria substituir o funicular.

O projeto tinha sido lançado em 2018 pelo executivo então liderado por Almeida Henriques, mas o veículo acabou por não sair do papel.

Agora, o atual presidente da Câmara garante que não foi ele que abandonou a ideia do Viriato. “Não foi descartado por mim. Se chegasse aqui e, em vez do funicular, encontrasse um outro veículo aproveitando a mesma coisa, até podia ser ainda melhor. Mas a ideia que tenho é que já tinha sido abandonado”, disse Fernando Ruas, acrescentando que “não há nenhuma razão para abandonar o funicular”.

O autarca garantiu que o equipamento inaugurado em 2009 “é para funcionar, a não ser que me digam que, do ponto de vista mecânico, aquilo já não funciona”.

“Temos de arranjar forma de o incluir no concurso que se fizer para quem ganhar os transportes públicos porque o funicular está aí incorporado e, depois, incentivar as pessoas a pararem os carros no Campo de Viriato e irem de funicular até ao centro histórico”, acrescentou.

O veículo autónomo seria instalado pela empresa Tula Labs, que diz que a ideia não chegou a avançar porque a Câmara de Viseu “decidiu elaborar um estudo de mobilidade antes de avançar com o projeto para avaliar o enquadramento legal e o impacto socioeconómico”.

“Este estudo deveria ter sido iniciado em 2020, mas não temos conhecimento se chegou a ser realizado. A Tula Labs continua disponível para colaborar com a Câmara de Viseu na implementação de soluções inovadoras como o projeto Viriato”, acrescenta a empresa.


PS exige saber “a verdade”

Entretanto, o PS já veio pedir explicações a Fernando Ruas. A presidente da concelhia de Viseu, Lúcia Silva, diz que é preciso saber “o que realmente aconteceu: se houve ou não houve projeto, se vamos ter ou não a continuação do funicular, e se vamos ter o veículo autónomo”.

Lúcia Silva apontou também responsabilidades ao vice-presidente da Câmara, João Paulo Gouveia, que detém o pelouro da Mobilidade na autarquia e que, lembrou, “tinha este processo em mãos” quando era vereador.

“Portanto, nada mudou. Não mudou a cor política, nem o vereador com o pelouro da Mobilidade. Queremos saber a verdade”, reiterou Lúcia Silva.

A socialista lembrou também que a autarquia viseense já gastou 10 milhões de euros no funicular, entre custos relacionados com a construção, a manutenção e a exploração.

“Há aqui um esbanjar de dinheiro que podia ser para outras coisas mais uteis para as pessoas. E, a bem da verdade, de repente tudo se acaba como se nada acontecesse”, lamentou a presidente da concelhia do PS.

O funicular foi inaugurado em 2009 com um investimento de cinco milhões de euros no âmbito do programa Viseu Polis. A infraestrutura foi também alvo de polémica por causa dos acidentes ocorridos com dezenas de pessoas que ficaram gravemente feridas após terem ficado com as pernas presas nas linhas da ligação.