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29 de 06 de 2024, 18:01

Diário

Ensino Superior/Viseu: Enfermagem e engenharias são os cursos com mais saída profissional

Em Viseu, as formações ligadas à saúde e engenharias são as que têm maior taxa de empregabilidade. Mas é também na Engenharia Civil que está a maior percentagem de abandono ao fim do primeiro ano da licenciatura

Fotógrafo: Instituto Politécnico de Viseu

O curso de Enfermagem da Escola Superior de Viseu é, no universo dos cursos do Instituto Politécnico, o que mais saídas profissionais tem, de acordo com a base de dados do portal Infocursos. Aliás, são as formações nesta área e nas áreas das engenharias que apresentam a maior taxa de empregabilidade.
De acordo com os dados, a seguir a Enfermagem do Politécnico, aparece também o curso de Enfermagem, mas do Instituto Piaget. Depois, seguem-se Engenharia Mecânica, Engenharia Electrónica e Engenharia Informática, cursos da Escola Superior de Tecnologia de Viseu. Em todas estas formações, a taxa de desemprego é inferior a dois por cento.
No ensino superior em Viseu, e segundo os dados do Portal, há apenas um curso com taxa de desemprego superior a 10 por cento: Educação Social da Escola Superior de Educação. Com elevadas taxas de desemprego, aparecem ainda as formações relacionadas com Relações Públicas, Publicidadse, Artes Plásticas, Turismo e Comunicação Social.
Em todo o país, cerca de 50 cursos superiores em Portugal têm uma taxa de desemprego zero e neste leque de cursos estão licenciaturas em áreas como Medicina, Química, Educação Básica e Segurança Informática e de Computadores.
Em sentido contrário, os cursos com maior taxa de desemprego estão em áreas como Comunicação, Turismo, Artes e Design.

Abandono ao fim de um ano de ensino superior

Um dos dados que se pode analisar diz respeito ao abandono escolar após o primeiro ano de licenciatura e as informações indicam que aumentou e que é nos politécnicos que os alunos mais desistem. E é no curso de Engenharia Civil que, em Viseu, o abandono é maior (45%). Seguem-se a Engenharia Zootécnica e Gestão e Informática, com valores acima dos 30 por cento.
Em 2022/2023, a nível nacional, 11,73% dos ‘caloiros’ do ano anterior já não se encontravam em nenhuma instituição do ensino superior, mais 0,13 pontos percentuais face ao ano letivo 2021/2022.
Para este aumento contribuíram sobretudo os institutos politécnicos, onde a taxa de abandono após o primeiro ano passou de 13,26% para 13,88%.
Em contrapartida, as universidades conseguiram remar contra essa maré e houve, no ano passado, menos alunos a desistir: 9,39% em relação aos 9,83% registados em 2021/2022.
Por outro lado, a taxa de abandono após o primeiro ano continua também a ser maior no setor privado, mas aí as escolas e universidades têm conseguido contrariar a tendência de aumento.
Com 12,38%, a percentagem registada em 2022/2023 é, ainda assim, inferior à registada no ano anterior e significativamente abaixo dos 15,8% registados em 2013/2014.
No entanto, olhando para os setores público e privado, quatro dos cinco cursos com maior taxa de abandono são ministrados por instituições privadas.
No extremo oposto, existem 51 cursos em que a taxa de abandono ficou abaixo de 1% e perto de metade são nas áreas de Engenharia.
Essa é também a área com percentagens mais baixas de recém-diplomados registados no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) como desempregados, outro dos indicadores atualizados no portal Infocursos.
Dos 124 cursos de Engenharia com informação disponível, a taxa de desemprego situa-se nos 2,35% e há 75 cursos abaixo dessa média, 28 dos quais com uma taxa de desemprego inferior a 1%.
Por outro lado, os cursos com taxas de desemprego mais elevadas estão relacionados com áreas como comunicação, turismo, artes e ‘design’.

E o ministro da Educação, Ciência e Inovação defendeu que é preciso “reduzir” as taxas de abandono escolar após o primeiro ano de licenciatura e adotar mecanismos para que os alunos com “desempenho menos bom possam recuperar”.
“O abandono escolar, aliás, a eficiência do ensino superior como um todo, é um enorme desafio que temos pela frente”, argumentou o ministro Fernando Alexandre.
Este “problema” está “identificado há muito tempo” e já existem “muitas instituições que estão a introduzir mecanismos de identificação precoce que sinalizam o possível insucesso dos alunos logo à entrada”.
Mas, defendeu, é necessário “olhar com muita atenção” para este tema do abandono escolar no ensino superior, após o primeiro ano de licenciatura.
“Quando temos 11% de insucesso, quer dizer que cerca de um décimo do investimento que foi feito pelas famílias e pelo Estado, não se perdeu na totalidade, mas em grande medida perdeu-se, porque foi um primeiro ano falhado”, argumentou.
Até porque, continuou, “o insucesso no primeiro ano não é o insucesso académico, mas é um desafio recuperar esses alunos para um trajeto académico de sucesso”.
O ministro da Educação considerou que “uma parte do problema” relacionado com o abandono escolar “começa com a escolha do curso”.
Esta escolha, “muitas vezes”, revela-se “como não sendo aquela que, de facto, os alunos esperavam”, precisou, sustentando que “outra parte” do problema “tem a ver com os alunos deslocados”.
“Sabemos que os alunos que vão viver para uma zona diferente da residência dos pais têm sempre mais dificuldade de adaptação, ou seja, os dados mostram que os alunos que vivem perto da residência têm mais sucesso escolar”, pelo que “a própria integração na instituição também tem que ser melhorada”, defendeu.
O portal Infocursos (disponível em infocursos.pt) disponibiliza informação atualizada sobre 6.024 cursos ministrados em 282 estabelecimentos de ensino superior, com dados sobre as formas e notas de ingresso, a situação dos alunos após um ano, classificações finais e desemprego.



Cursos e taxa de desemprego
0,3% - Enfermagem ESSV
0,9% - Enfermagem Instituto Piaget
1,2% - Engenharia Mecânica ESTGV
1,4% - Engenharia Eletrotécnica ESTGV
1,6% - Engenharia Informática ESTGV
3% - Engenharia Agronómica ESAV
3,4% - Engenharia Informática e Telecomunicações ESTGL
3,4% - Enfermagem Veterinária ESAV
3,4% - Desporto e Atividade Física ESEV
3,5% - Gestão de Empresas ESTGV
4,3% - Engenharia Civil ESTGV
4,4% - Educação Básica ESEV
4,4% - Fisioterapia Piaget
5,3% - Tecnologia e Design de Mobiliário ESTGV
5,3% - Psicologia Instituto Piaget
6,1% - Serviço Social ESTGL
6,4% - Gestão Industrial ESTGV
6,9% - Tecnologias e Design de Multimédia ESTGV
7,1% - Contabilidade ESTGV
7,1% - Secretariado de Administração ESTGL
7,1% - Marketing ESTGV
7,2% - Gestão Turística, Cultural e Patrimonial ESTGL
8,4% - Comunicação Social ESEV
8,6% - Turismo ESTGV
8,7% - Artes Plásticas e Multimédia ESEV
9,7% - Publicidade e Relações Públicas ESEV
10,3% - Educação Social ESEV

Legenda
ESSV – Escola Superior de Enfermagem de Viseu | ESTGV – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu | ESAV – Escola Superior Agrária de Viseu | ESTGL – Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego | ESEV – Escola Superior de Educação de Viseu