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31 de 03 de 2023, 22:36

Diário

Presidente da República e primeiro-ministro o visitam bairro em Viseu que vai ter "Arrendamento Acessível"

O “Bairro da Cadeia” conta com 32 casas concluídas e 16 já se encontram ocupadas pelos seus anteriores residentes. Autarca de Viseu diz que PRR vai deixar o país mais rico, mas mais injusto

Apoio a habitação PRR Bairro municipal

Fotógrafo: Igor Ferreira

Chegou o Presidente da República, chegou o primeiro-ministro e chegou o presidente da Câmara de Viseu e estes foram alguns dos convidados que estiveram esta sexta-feira no Bairro Municipal para ver as obras de reabilitação que estão a decorrer neste espaço e que devem terminar no final do ano.

O também conhecido como “Bairro da Cadeia” conta com 32 casas concluídas e 16 já se encontram ocupadas pelos seus anteriores residentes, anunciou o responsável pela empresa municipal Habisolvis. E foi na casa de uma moradora que habita este bairro há 57 anos que Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa verificaram as mudanças que o bairro sofreu.

A reabilitação, que continua em curso, resulta de um investimento global de 6,8 milhões de euros, com recurso a fundos comunitários, designadamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Atualmente, o Bairro conta com trinta e duas casas requalificadas por completo, sendo que dezasseis já se encontram ocupadas pelos seus anteriores residentes. Além disso, 10 estão em fase de conclusão e estarão terminadas durante as próximas semanas.
Nesta intervenção, são 78 as habitações que estão a ser remodeladas, respeitando a traça arquitetónica do Bairro. Quarenta no âmbito do “1° Direito/PRR” para os atuais moradores e 38 que estão destinadas a acolher, em breve, famílias jovens de médios/baixos rendimentos, financiadas através do “Arrendamento Acessível/PRR”.

E foi precisamente por se tratar de um projeto com recurso ao PRR que os dois chefes de Estado estiveram em Viseu, no âmbito da iniciativa “PRR em Movimento” para verificar no terreno a concretização destes fundos que terão de ter a execução concluída até 2026.

E com a comitiva chegaram também alguns reparos de quem não está satisfeito. Foi o caso de uma senhora que reclamou por não ter uma casa e já ter feito vários pedidos na Habisolvis ou o morador que lamentou ter de mudar de casa onde vive há 32 anos, não vai voltar para a “mesma casinha” que tinha e ficar numa nova habitação que, segundo disse, “é mais pequena”. Pelo meio ainda houve quem deixa-se a ideia de dar a este bairro (construído em 1948) o nome de Almeida Henriques, autarca de Viseu que faleceu há dois anos e que durante o seu mandato integrou o bairro na Área de Reabilitação Urbana de Viseu e avançou com a sua classificação como "Monumento de Interesse Público”.
Palavras que não afetaram o presidente da Câmara. Fernando Ruas disse até ter ficado agradado com muitos depoimentos que ouviu. “O Bairro fica numa zona nobre da cidade e achámos que mais gente que está a necessitar de habitação poderia ter aqui resposta”, disse, frisando que o problema da habitação em Viseu “tem tido resposta à altura”.
O projeto visa a requalificação integral das habitações do Bairro, segundo a traça original, para além da renovação e modernização de várias infraestruturas.

A visita dos chefes de Estado a Viseu inseriu-se na iniciativa “PRR em Movimento” e foi sobre o programa de fundos europeus que o autarca de Viseu falou no almoço que teve com Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
“Disse, como tenho vindo a defender, que o PRR deveria ser regionalizado, que esta era a única forma de estabelecer algum equilíbrio nas dotações, sempre se pode dizer que ele está aberto a todas as candidaturas mas fruto disso há municípios que têm cento e tal milhões de euros e alguns municípios aqui de Viseu que têm 200 mil euros”, contou o autarca.
Para Fernando Ruas, a “regionalização” deste fundo europeu iria criar uma atribuição e divisão de verbas “muito mais equilibrada”.
“Na minha perspetiva, o PRR vai deixar o país mais rico, mas deixa-o mais injusto. Isto é vai atribuir mais dinheiro a quem já tem e deixa menos a quem precisava dele”, disse.