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11 de 06 de 2022, 09:00

Diário

Professores do Politécnico de Viseu propõem Caminhos de Santiago pelas estradas romanas

Projeto incluiu uma visita à aldeia de Cela para encontrar vestígios de antigas estradas romanas. Especialistas querem reconstituir traçado e lançar um caminho alternativo para os peregrinos

Fotógrafo: D.R.

Um grupo de quatro professores do Instituto Politécnico de Viseu está a realizar um projeto de investigação que visa propor um novo traçado para o Caminho Português Interior de Santiago em Castro Daire.

A equipa do projeto coordenado pelo Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade do IPV realizou, no final do passado mês de maio, uma visita à aldeia de Cela, na freguesia de Moledo, para identificar vestígios das antigas estradas romanas daquela localidade.

Segundo a instituição de ensino superior, a intenção é reconstituir o traçado das estradas romanas e, a partir daí, propor um traçado alternativo para o Caminho Interior de Santiago. De acordo com os investigadores, os registos históricos revelam que os peregrinos de Santiago “utilizavam os traçados das estradas romanas”.

Os outros objetivos incluem a caraterização do património cultural, a identificação de locais estratégicos para a assistência aos peregrinos e a colocação da marca Caminho de Santiago “como uma das potenciais marcas umbrella para o concelho” de Castro Daire.

Segundo o projeto, um dos problemas identificados na investigação “tem a ver com as implicações na manutenção e dinamização dos Santuários Católicos (nomeadamente os mais pequenos) em virtude da desertificação do interior de Portugal e dos meios rurais”.

“Em todo o caso, as populações mais próximas continuam a reconhecer a sua relevância para a sua fé e bem-estar. Os percursos do Caminho Português Interior de Santiago e a sua dinamização poderão ser importantes contributos para a continuação da visibilidade destes pequenos Santuários Católicos. Por outro lado, há em muitos casos falta de assistência aos peregrinos e estas infraestruturas poderão ser requalificadas para servirem, por exemplo, de albergues”, explicam os investigadores.

Já outra das dificuldades encontradas pelos especialistas resulta da definição dos traçados e da falta de critérios objetivos em alguns deles.

“Os registos históricos mostram que as peregrinações a Santiago de Compostela têm séculos e que os peregrinos no passado usavam as estradas construídas pelos romanos. A identificação das estradas romanas ou de outros vestígios que testemunhem a passagem dos peregrinos nos concelhos atravessados pelos Caminhos de Santiago poderá ser uma importante base para se definirem os traçados percorridos pelos peregrinos de Santiago de Compostela”, acrescentam.

A equipa multidisciplinar do projeto é constituída por docentes da Escola Superior Agrária de Viseu (Lúcia Pato e Vítor Martinho) e da Escola Superior de Educação (Liliana Castilho e João Nunes). Na iniciativa realizada em Cela, o projeto contou com a colaboração de João Martinho, um dos residentes mais idosos da aldeia.

O projeto conta, ainda, com a participação de Miguel Pipa e a colaboração de Luís Maia Rodrigues, licenciado em História, peregrino e um profundo conhecedor dos Caminhos de Santiago.