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14 de 05 de 2021, 18:13

Lifestyle

“Artesanato é amor” para Graça Gonçalves

São muitos os artistas que têm como fonte de inspiração outros artistas de renome, mas para a artesã a inspiração vem de todos os lados e, por vezes, de onde menos espera

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Muitas foram as portas que se abriram mas ainda foram mais as que se fecharam. Surgiram novas realidades e avistou-se a altura de retirar projetos da gaveta.
Graça Gonçalves é uma artesã por conta própria e atual residente em Penalva do Castelo, Viseu.
Peças únicas são o que não faltam na sua casa. Viaja tanto no mundo dos tecidos, das madeiras, como também tem oportunidade de ver as agulhas entre as linhas. Este é o dia a dia de Graça Gonçalves. Sejam desenhos com cor ou sem cor, as obras de artes são produzidas para miúdos e graúdos. A imaginação vai além fronteiras.

Questionamos “quem é Graça Gonçalves?”, ainda com o sorriso escondido, descreve-se como uma simples “artesã e artista”. É uma apaixonada por esta arte. Requer muito tempo, atenção, cuidado e amor. Amor à arte. Tal como refere Graça Gonçalves “O artesanato é amor mesmo”.

Tal como a grande parte das atividades da economia criativa também os artesãos sofrem as consequências causadas pela pandemia. Não têm vendido em feiras nem em exposições, mas têm lutado para sobreviver a esta crise, reinventando os seus negócios para o online.
A comercialização das peças produzidas pelos artesãos tendia a ser feita diretamente, entre o artesão e o cliente. Tudo isto em feiras, exposições e em pequenos mercados. E este é o grande desafio: competir com grandes lojas e cadeias de supermercados. “Quem comprar a mim, não vai comprar ao centro comercial. Quem comprar no centro comercial não compra a mim”, destaca Graça Gonçalvres.

São muitos os artistas que têm como fonte de inspiração outros artistas de renome, mas para a artesã a inspiração vem de todos os lados e, por vezes, de onde menos espera.
“Eu ouvi aqui há uns tempos uma coisa muito engraçada que foi uma artesã brasileira que disse que tudo o que tinha sido inventado, já foi inventado. A gente só o cria da nossa maneira. Portanto eu acho que vamos tirando uma ideia daqui e dali, mas, no fundo, o artesanato é sempre uma peça única.”

No caso de Graça Gonçalves, a paixão deste mundo do artesanato nasce ao mesmo tempo que ela. “Eu tenho uma prima que diz que eu já nasci com uma agulha na mão, portanto, acho que já nasceu comigo”, até porque “já vem de família, pais, avós costureiros alfaiates. O meu pai sempre teve muito jeitinho para fazer seja o que for, desde madeira, cestos… qualquer coisa. Já é de família mesmo”, conta.

O artesanato já chegou a ser fonte de rendimento e sustento em várias famílias. Mas a atual situação pandémica e as restrições que advém vieram dificultar a vida de quem contava com o dinheiro que ganhavam em vendas, feiras, pequenos mercados e exposições. “É horrível. É muito mau mesmo. As pessoas não tem noção do que o artesanato passou este ano porque fomos completamente bloqueados”, desabafa.

As soluções que ajudaram a tentar combater esta crise foram o online mas, “mesmo vendendo online, não é a mesma coisa”, segundo Graça Gonçalves porque “não é a mesma coisa que ter um cliente e lhe explicar o que é, não há calor humano, não é a mesma coisa. E isso notou-se nas vendas que desceram 90%, é muito mesmo”.

Graça Gonçalves gosta de fazer um pouco de tudo e já passou por várias profissões, “desde trabalhar com crianças, fazer transporte escolar, trabalhar nas escolas, em restaurantes, cafés, … é uma lista mesmo muito comprida”. No entanto, a pandemia pode ter limitado os recursos financeiros mas não os criativos.
“Tenho os projetos da gaveta que têm anos. E agora, esta pandemia teve essa coisa boa porque eu já comecei a tirar alguns. Tenho uns projetos muito engraçados de brinquedos para crianças em tecido”.