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07 de 05 de 2021, 18:25

Lifestyle

Do século XV ao século XXI: a história da cidade de Viseu contada nos azulejos

Viagem no tempo, na história, nos costumes e tradições do património de Viseu, através das ilustrações nos azulejos da cidade

Azulejo tomaz ribeiro

Antiga casa de Francisco Almeida Moreira, a Casa do Soar de Cima deu lugar a um museu com o mesmo nome que o antigo dono da casa. A criação do Museu Almeida Moreira foi criada com o desígnio de perpetuar a memória e o legado do Capitão, personalidade singular na cidade de Viseu.
A presença do azulejo, tanto no interior como no exterior do edifício, fazem notar o gosto que Almeida Moreira tinha pela azulejaria. A sua presença pode ser notada na chaminé da casa, adornada com azulejos de diferentes padrões, e também na fachada do edifício com frisos e alguns apontamentos cerâmicos que remontam aos séculos XV, XVI e XIX. Já no interior da Casa Soar de Cima, podemos observar a presença da azulejaria portuguesa perto de uma lareira, onde podemos ler a epígrafe: “Quer de Inverno Quer de Verão o Lume faz Feição”.

Outros traços de história também são contados pelos Telhões em Faiança, que em Viseu podem ser apreciados numa casa antiga localizada ao cimo do Jardim das Mães, abeirada ao Museu Almeida Moreira.
Esta arte em cerâmica, no exterior das casas, leva-nos ao período da estética romântica, característica da transição do século XIX para o século XX e muito comum no norte de Portugal.
Nas decorações dos beirais das habitações é frequente encontrar a presença de motivos florais coloridos a azul e branco, que em conjunto formam um padrão de azulejos, pela disposição próxima das telhas.

Lugar turístico de Viseu e um dos palcos do romance “Amor de Perdição” a Fonte de São Francisco, contígua à Porta dos Cavaleiros e ao Solar dos Fidalgos foi um fontanário mandado construir em granito, no ano de 1928, aproveitando um chafariz já existente no local.
Na parede posterior ao fontanário podemos ver o brasão da cidade e um painel de azulejos dispostos geometricamente, formando um banco.


Em pleno Rossio, o Jardim Thomaz Ribeiro, inaugurado a 4 de julho de 1931, completa um cenário idílico, bem no centro da cidade, junto à Câmara Municipal de Viseu. A construção circular dos bancos, a estante de pedra e pequenas decorações de azulejos, harmonizados com canteiros floridos e uma pequena fonte tornam a “Glorieta” um local que convida à leitura. Da autoria do Capitão Almeida Moreira, o espaço tem como inspiração o Parque Maria Luísa, em Sevilha.

Quando sentados neste ponto turístico, a certo ponto, podemos ver o Painel de Azulejos do Rossio, em plena Praça da República, idealizado por Joaquim Lopes, professor na Escola de Belas Artes do Porto. Inaugurado a 13 de dezembro de 1931, a obra artística ilustra a vida na região de Viseu, como as tradições e cenas do quotidiano beirão, sendo este um dos maiores ícones da cidade.

A viagem por Viseu leva-nos à parte mais arborizada da cidade, o Parque do Fontelo, mata rica em espécies vegetais onde se destaca a obra em azulejo designada por “Glória a Grão Vasco”. O painel foi oferecido à Câmara Municipal de Viseu após o encerramento da Feira de São Mateus, em 1932 e inaugurado no ano seguinte.


O painel está enquadrado numa peça de mobiliário em pedra, com estantes e bancos a cada lado, sendo uma biblioteca ao ar livre.

De volta ao centro da cidade, no muro da Polícia de Segurança Pública (PSP), observamos o painel mais contemporâneo deste percurso pela cidade de Viseu. A obra em cerâmica, da autoria da dupla Draw & Contra, estende-se por grande parte do muro, ilustrando rosto em tons de azul, amarelo e branco, numa obra inaugurada em 2018.

O projeto “Viseu Azulejar” é uma iniciativa da câmara municipal de Viseu, que pretende atuar como uma linha de ação de conservação do património de Viseu, nomeadamente as obras em cerâmica dispersas pela cidade.


azulejo rossio