Autor

UCC Viseense

09 de 02 de 2024, 10:39

Colunistas

Dispositivos Eletrónicos na Infância: Descanso ou Preocupação?

Os dispositivos eletrónicos tornaram-se quase como os “melhores amigos” das crianças

Vivemos na era digital!
Esta afirmação remete-nos para a habitual presença de dispositivos eletrónicos nas nossas casas e escolas, assim como, pela massiva utilização de jovens e crianças, alguns com pouca ou nenhuma instrução literária (por exemplo a frequentar o 1º ciclo do ensino básico). Esta utilização por crianças em estádios de desenvolvimento precoces (como o estádio de desenvolvimento pré-operatório), levanta questões pertinentes sobre os impactos da exposição à tecnologia, dispositivos eletrónicos e ecrãs, e quais as suas consequências futuras nesta população.
Os dispositivos eletrónicos tornaram-se quase como os “melhores amigos” das crianças, proporcionando acesso a um universo de informação e entretenimento, muitas vezes sem controlo ou supervisão de um adulto responsável. Neste sentido, é fundamental perceber que esta prática excessiva tem repercussões na cognição e no comportamento das crianças durante esta fase crucial da vida.
A utilização exagerada pode ter como consequências diminuição acentuada das competências motoras, aumento da ansiedade, sedentarismo com consequente obesidade e perturbações da capacidade de aprendizagem, nomeadamente, impacto na leitura e na escrita.
Algumas crianças sentem-se desconfortáveis quando solicitadas a brincar em espaços exteriores e ao ar livre, e mesmo quando o fazem, o cansaço apodera-se delas ao fim de 10 minutos de atividade física. Outras, de 10-11 meses, não conseguem realizar uma refeição sem visualizar um vídeo ou participar num jogo online, atividade promovida por pais e mães. Recordemos que, a Organização Mundial de Saúde recomenda a ausência de exposição a qualquer tipo de ecrã para crianças até aos 2 anos de idade, e um máximo de 1 hora por dia para as crianças entre os 2 a 4 anos.
No contexto educacional, o desafio é integrar de forma equilibrada a tecnologia no processo de aprendizagem. Alguns dos pontos positivos passam por tornar a aprendizagem numa atividade que se pratica com menos esforço, permitindo que seja mais fluida, gerindo mais facilmente o fator motivacional e realizada ao ritmo de cada criança. É essencial encontrar estratégias que permitam conciliar e utilizar métodos de ensino tradicionais, em parceria com métodos tecnológicos, estabelecendo um equilíbrio fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças.
Por outro lado, o período temporal que as crianças gastam em frente aos ecrãs deve ser monitorizado e o conteúdo acedido supervisionado. Os relatos de jovens com dependência digital superior a 6-8 horas diárias começam a ser frequentes, manifestando o descuido pela sua higiene corporal e alimentação. Importa também referir que, jovens na fase inicial da adolescência são facilmente manipulados por utilizadores digitais à partilha de informações pessoais confidenciais e/ou fotografias, apesar da Meta e Bytdance, entidades proprietárias de redes sociais conhecidas, exigirem uma idade mínima (13 anos de idade) para registo e criação de conta nas suas plataformas.
Não há vantagem na exposição digital em idades precoces! Contudo, a sociedade deve perceber que é impossível não haver nenhuma exposição, devendo esta ser reduzida ao máximo e quando ocorrer, a supervisão de conteúdos tem de ser mediada por adultos.
Em vez de proibir o acesso aos dispositivos eletrónicos, o importante é orientar as crianças sobre a utilização responsável dessas ferramentas. Estabelecer limites de tempo, promover atividades físicas, momentos de reuniões familiares e jogos interativos, educar sempre sobre a importância do equilíbrio entre o mundo digital e o mundo real.
A tecnologia é parte integrante do nosso quotidiano, e cabe a todos nós desequilibrar a balança entre benefício e malefício, ou descanso e preocupação, para que as crianças possam utilizar os dispositivos eletrónicos em prol da consecução dos seus objetivos e desafios pedagógicos. Ao promovermos uma abordagem consciente e orientada, podemos assegurar que estas ferramentas se tornem aliadas no desenvolvimento educacional e social, contribuindo para uma infância equilibrada e preparada para os desafios do século XXI. Compete-nos, enquanto sociedade, guiar estas jovens mentes digitais para um uso responsável e benéfico da tecnologia.
A supervisão parental é crucial, e para isso contamos hoje com aplicações, que podem contribuir para a monitorização dos conteúdos visualizados pelas crianças, permitindo de uma forma facilitadora, uma utilização mais segura por parte dos seus filhos.

Cátia Lopes, Pedro Pinho, Rúben Fernandes, Estudantes da ESSV e Luís Condeço, Professor da ESSV, em colaboração com a ECCI Viseense