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21 de 08 de 2021, 08:30

Cultura

Mais de 30 atividades em seis dias no festival Planalto em Moimenta da Beira

Programação pretende ser “contemporânea, mas que dialoga com as culturas do local”, diz diretor artístico. Evento decorre entre 30 de agosto e 4 de setembro

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O festival Planalto regressa a Moimenta da Beira com 31 atividades a preencher mais de 80 horas de programação e o patrocínio do Presidente da República entre 30 de agosto e 4 de setembro.

A programação completa de seis dias foi divulgada esta semana pela organização, que propõe para esta segunda edição dança, teatro, música, cinema, artes visuais, performances e “um manifesto para coabitar o presente e uma reflexão profunda e construtiva sobre como vamos querer ocupar os lugares do futuro”.

O evento que foi realizado pela primeira vez em 2019 já foi adiado por duas vezes por causa da pandemia da Covid-19, sendo que a segunda edição foi inicialmente agendada para 2020 e, depois, para este ano nos dias 12 a 17 de julho.

A organização liderada pelo diretor artístico Luís André Sá assume como objetivo a “democratização e o acesso à cultura num território de baixa densidade” como Moimenta da Beira.

Já em declarações feitas ao Jornal do Centro, o organizador classificou a programação como “contemporânea, mas que dialoga com as culturas do local e aquilo que aqui se quer preservar e também emancipar”. O diretor artístico do Planalto garante um festival “com total segurança”.

O programa caraterizado como multidisciplinar inclui também workshops, conversas, aulas, caminhadas culturais e projetos de mediação cultural e de ecologia. Serão 14 os palcos que vão acolher as atividades da agenda do Planalto entre palcos improvisados, monumentos, praças, terreiros, prados, parques e espaços naturais.

“Moimenta da Beira é um município que, pelas suas caraterísticas e por ser uma região do interior onde os equipamentos culturais não abonam, as pessoas são obrigadas a ocupar espaços não-convencionais onde o público poderá andar durante os seis dias de programação”, explicou Luís André Sá ao Jornal do Centro.

O Planalto também vai organizar os programas Neblina de participação artística, onde será feita “uma ativação do território entre associações culturais, associações de solidariedade, lares, casas do povo e infantários, onde conseguimos programar uma série de atividades e fazer uma estratégia pensada para este território”, desvendou Luís André Sá.

Também será lançado o Programa de Arte Pública, onde o Planalto pretende continuar a desenvolver “pontes de diálogo com organismos locais, regionais, nacionais e internacionais, assim como, na criação de um roteiro a médio prazo que crie um museu a céu aberto em coabitação com a paisagem”.



A programação e os nomes

O programa do Planalto deste ano vai contar com nomes como o da coreógrafa Tânia Carvalho, considerada como um dos nomes mais promissores da dança europeia, que vai apresentar “Síncopa” no primeiro dia do festival no pavilhão da Escola Secundária às 21h30.

Outra das novidades é a dupla de coreógrafos e bailarinos Sofia Dias e Vitor Roriz, que foram desafiados a remontar o espetáculo “Um gesto que não passa de uma ameaça” no dia do encerramento do Planalto a 4 de setembro.

A 31 de agosto, o bailarino Filipe Pereira apresenta “Arranjo Floral”, uma conferência-performance onde o artista natural de Fátima vai contar a sua biografia “que vai da fé ao ateísmo, da virgindade ao despertar sexual”.

Já a 1 de setembro, Tiago Cadete apresenta “Atlântico”, apresentada como uma fábula carregada de mitos, monstros e vestígios históricos passados sobre uma travessia turística entre Portugal e o Brasil.

No dia 2, a pianista Joana Gama apresenta no Largo do Outeiro um recital que percorrerá obras de Erik Satie e Hans Otte, entre outros. A 3 de setembro, a harpista espanhola Angélica Salvi vai dar um concerto intimista no Convento Benedito da Nossa Senhora da Purificação. A cantautora brasileira Labaq promete um concerto emocional na última tarde do Planalto.

No cinema, a agenda é composta pelos filmes “Ana e Maurizio” de Catarina Mourão, a 31 de agosto, “Amor Fati” de Claúdia Varejão a 2 de setembro e “Um Saco e Uma Pedra – Peça de Dança para Ecrã” de Tânia Carvalho no dia 4.

Sobre os frescos da nave central da Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro, acontecem duas performances de duas artistas brasileiras: “Hidebehind” de Josefa Pereira a 30 de agosto e “É Puro Glacê” de Bibi Dória a 3 de setembro.

O artista urbano mynameisnotSEM vai apresentar 880 azulejos criados com utentes da associação Artenave, uma instituição de apoio à deficiência, uma iniciativa integrada no Programa de Arte Pública.

Da Companhia Nacional de Bailado, vem a solista Isabel Galriça, que coordenará um workshop intensivo com 10 bailarinas locais promovendo o ensino profissional da dança cuja apresentação pública terá lugar na manhã do último dia de festival.

Nas artes visuais, o artista André Picardo apresenta “Espuma”, uma exposição fotográfica que poderá ser vista numa galeria a céu aberto no Terreiro das Freiras.

Bruno José Silva vai apresentar a obra “Em Queda Livre” que criou durante a sua última residência artística em Moimenta da Beira no antigo Estádio Municipal do Matão e terá patente uma mostra dos seus trabalhos na Galeria Municipal Luís Veiga Leitão.

A artista Mariana PTKS será responsável pela intervenção de arte de rua no ponto de encontro do festival, na Praça Comandante José Requeijo.

Ainda na agenda, o Planalto convidou o arqueólogo José Carlos Santos, que levará os caminhantes por um percurso sobre ao maciço rochoso do Planalto da Nave, e o investigador do Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, Jaime Gouveia, que propõe uma viagem ao património islâmico-judaico de Leomil.

Para os mais novos, a 1 e 2 de setembro, Guilherme Sousa e Pedro Azevedo apresentam “HORTO, uma forma que vem do toque” na Casa do Povo de Leomil. Na última manhã do festival, a pianista Joana Gama apresenta “As árvores não têm pernas para andar” na zona de lazer do Vidual, também em Leomil.

Na área do pensamento, o Planalto tem uma série de conversas com personalidades de diferentes campos promovendo reflexões sobre temas como a paisagem, a urgência de políticas culturais ou a importância dos movimentos feministas com pessoas ligadas à academia, à investigação, a secretarias de estado, às direções artísticas, à museologia, ao território e redes históricas.

Haverá ainda direito a aulas de Yoga e Chi Kung, sessões de ritmos dançantes, conversas pós-espetáculo com habitantes locais a moderarem as conversas com os artistas e projetos de mediação cultural em parceria com associações locais que promovam a valorização das culturas tradicionais, do artesanato e da preservação da identidade cultural dos territórios.

Outra das novidades será uma iniciativa organizada em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, consistindo numa plantação de 1.000 árvores autóctones de cinco espécies em vias de extinção, incluindo o carvalho negral, o teixo, a tramazeira, o azevinho e a azinheira.

A programação completa pode ser consultada no site www.planaltofestival.pt.