Carlos Eduardo

23 de 01 de 2022, 18:52

Desporto

Exploração de lítio não traz justiça social, defende líder do PAN, em Viseu

Inês de Sousa Real esteve este domingo à tarde em Viseu. Questão da exploração de lítio foi tema de destaque. Líder do PAN visou ainda CDU e Bloco de Esquerda.

Pan Ines Sousa Real na campanha legislativa em Viseu

Fotógrafo: Igor Ferreira

A caravana do PAN passou este domingo por Viseu. Na calha esteve a discussão sobre o lítio. A líder do Pessoas Animais e Natureza voltou a insistir que não há um planeta B. Inês de Sousa Real sustentou que há um enorme risco de fazer exploração de lítio. "Aquilo que temos no distrito de Viseu, nomeadamente na Serra da Argemela é a tentativa de construção e exploração de uma mina de lítio mesmo junto às populações. Ainda há pouco ouvíamos os ativistas dizer-nos que moram a 15 quilómetros da futura mina. Isto põe em causa a qualidade de vida das pessoas, seja pelo ruído das explosões, pelas partículas finas que vão andar no ar, pela destruição do património natural...", referiu a líder do PAN.

Num dia dedicado às questões do interior, o PAN voltou a mostrar-se frontalmente contra a exploração de lítio em solo português. "Para além das preocupações que existem aos nossos tempos, como o acesso à habitação, empregabilidade, fixação dos jovens, a destruição do património natural e de locais que deveriam estar intocáveis e protegidos é de facto uma angústia. Estamos a destruir património único. Nós não temos planeta B e, menos ainda, um Portugal B", sustentou.

A líder do Pessoas-Animais-Natureza defende que a solução passará sempre pelas energias renováveis. "Aquilo que alguns especialistas apontam é que não temos capacidade competitiva com outros países. Portugal deveria apostar na autonomização energética, em particular com a instalação de painéis fotovoltaicos, seja no património público, seja no disperso. Temos também a energia das ondas e do vento, podemos e devemos conjugar. Agora, estarmo-nos a precipitar a destruir património natural. Isto não é uma transição verdadeiramente verde. Se para transitar do ponto de vista energético temos de destruir a nossa paisagem natural, pondo até em causa o turismo, não temos nem justiça ambiental, nem social", argumentou.

Num dia em que a candidatura do PAN foi visada diretamente pela CDU, acusando o partido de defender "causas artificiais", Inês Sousa Real rejeita estas acusações. "Não vestimos essa crítica de forma alguma. Não são causas artificiais, muito pelo contrário. Os grandes incêndios já tiraram a vida a muitas pessoas e temos de ter políticas eficazes de preservação do ambiente, mas também de reordenamento do território e da floresta. Não podemos ter uma caixa de fósforos pronta a arder no nosso país", assinalou.

Sobre o futuro, Inês Sousa Real assegurou que o PAN "nunca se demitiu de reuniões e conversações". Isto no dia em que Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda desafiou António Costa, atual primeiro-ministro e secretário-geral do PS, para uma reunião um dia depois das eleições legislativas. Questionada sobre se se trata de um abrir de porta à esquerda, a líder do PAN respondeu assim. "Os partidos têm de ter uma atitude responsável a este tempo perante aquilo que foi a crise política que foi aberta. Se o Bloco está, de alguma forma, a tentar lavar a mão da responsabilidade de termos uma crise política em cima de uma socioeconómica e sanitária sem precedentes, acho bem que esteja disponível finalmente para dialogar se não o fez lá atrás", concluiu