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28 de 03 de 2024, 18:06

Diário

Atualização de projeto de execução do Centro de Artes e Espetáculos de Viseu abre desacordo entre PSD e PS

O centro de artes será construído junto à rotunda cibernética, na zona da avenida da Europa, onde se situa o Tribunal de Viseu, e terá 1.500 lugares, metade dos quais num auditório ao ar livre

Fernando Ruas centro de artes e espetáculos

A Câmara aprovou a atualização do projeto (estudo prévio) do futuro Centro de Artes e Espetáculos de Viseu (CAEVIS), um ponto na ordem do dia da reunião do executivo realizada esta quinta-feira e que levou a uma troca de esclarecimentos e dúvidas com várias interrupções pelo meios entre a maioria social-democrata e a oposição socialista.

O projeto tinha já sido elaborado, pela primeira vez, em 2010, altura em que o presidente da Câmara anunciou este equipamento. Fernando Ruas deixou, entretanto a autarquia, e, agora, no regresso voltou a pegar no projeto que quer que seja a obra do mandato.
“Se eu tivesse mais tempo, da outra vez, tinha começado o Centro de Artes, mas não foi possível, porque faltava pouco menos de um ano para eu acabar o mandato e então deixei tudo pronto, com a aquisição dos terrenos, para um dia avançar”, justificou o presidente da Câmara.

Agora, e tendo em conta que “o projeto original é de 2010, é preciso trabalhá-lo, atualizá-lo e adaptá-lo” à atualidade. “Isto vai ter um custo de pouco mais de 600 mil euros, mas este projeto se fosse mandado fazer agora seguramente seria muito mais caro, mas temos uma versão original que serve de modelo à atualização”, esclareceu.
Este foi um dos pontos que levou à intervenção dos vereadores do PS. Os socialistas, que votaram contra, começaram por realçar o valor que já se gastou com “dois estudos prévios” para a seguir questionar onde a autarquia espera ir buscar financiamento.

“De facto, desconhecemos na íntegra se esta é a solução mais impactante no desenvolvimento cultural, turístico e económico do concelho. Paralelamente é uma obra sem garantia de financiamento, que irá onerar os/as viseenses. Face ao descrito, não nos é possível tomar uma decisão informada sobre a premissa de investir cerca de 22 milhões de euros, sem a certeza de que este é o equipamento que vai responder de forma efetiva às necessidades de infraestruturas que Viseu apresenta”, justificaram os socialistas na declaração de voto.
Para o PS, e pela voz de João Azevedo, há análises que deveriam ter sido feitas, nomeadamente se este é o tipo de equipamento que Viseu precisa ou se o investimento “significativo” desta obra não vai “secar outros investimentos que possam ser feitos no concelho”.
“Reconhecemos que Viseu apresenta lacunas a nível de infraestruturas que possam acolher eventos culturais diversos. Contudo, a solução apresentada pelo executivo municipal, carece de fundamento substantivo e de forma, na medida em que desconhecemos por completo se foi realizado algum estudo de públicos e de viabilidade económica que permita ao executivo confirmar ser esta a melhor opção de investimento”, referiu, questionando logo de seguida onde a autarquia vai buscar financiamento.

Uma observação que não caiu bem a Fernando Ruas e que levou, inclusive a várias interrupções, de parte a parte, entre o que o vereador João Azevedo perguntava e o presidente Fernando Ruas esclarecia.
No final, o autarca social-democrata afirmou que o projeto vai avançar, mesmo sem que haja algum tipo de financiamento”, apesar de ter reconhecido que, com a mudança de Governo, para o PSD, está “a pensar que haja financiamento”.
“Também vou à procura dele, noutras circunstâncias tinha mais dificuldade, mas seja quem for o ministro da Cultura tem de me dizer porque é que não tenho dinheiro para aqui. Mais, vou perguntar se também não é aplicável aqui algum PRR” (Plano de Recuperação e Resiliência), assumiu.

O centro de artes será construído junto à rotunda cibernética, na zona da avenida da Europa, onde se situa o Tribunal de Viseu, e terá 1.500 lugares, metade dos quais num auditório ao ar livre.
Durante a campanha para as eleições autárquicas de 2021, Fernando Ruas – que já tinha sido presidente da Câmara entre 1989 e 2013 – prometeu retomar o projeto do Centro de Artes e Espetáculos de Viseu, que tinha projetado desde 2010.
Fernando Ruas frisou que o centro de artes “vai preencher uma lacuna”, lembrando que Viseu tem renunciado a acolher “espetáculos de maior exigência” para os quais nem o Teatro Viriato, nem o pavilhão multiúsos, reúnem condições.