Jorge Lopes

14 de 12 de 2022, 15:00

Diário

Autarquias da região de Viseu fizeram mais de 900 ajustes diretos, grande parte para eventos e promoção

Nelas foi o município que fez mais ajustes ao longo do ano. Lamego foi a autarquia que mais gastou dinheiro

câmara de nelas

Fotógrafo: D.R.

As autarquias do distrito de Viseu já fizeram pelo menos 931 ajustes diretos ao longo deste ano, gastando mais de 13,4 milhões de euros.

O Jornal do Centro consultou as informações facultadas no portal Base.gov.pt, dedicado às compras públicas. Dos 1.720 contratos assinados pelas autarquias do distrito entre os dias 1 de janeiro e 12 de dezembro, mais de 54 por cento são ajustes diretos.

O município que fez mais ajustes ao longo do ano foi Nelas, com 126 contratos firmados entre a autarquia e vários adjudicatários, nomeadamente empresas. A autarquia que assinou menos contratos do género foi Castro Daire, com apenas nove ajustes.

Os ajustes diretos são o método mais usado pelos municípios nas contratações públicas, muitas vezes para tentar contribuir para as economias locais, mas também para contratar artistas para eventos ou mesmo para recrutar pessoal especializado, entre outras razões.

Já a câmara que mais gastou dinheiro foi Lamego, que desembolsou cerca de 1,5 milhões de euros em 60 contratos. A seguir aparecem São João da Pesqueira (1,1 milhões de euros gastos), Mangualde (972 mil euros) e Sernancelhe (955 mil euros).

Por sua vez, a Câmara de Viseu fez 77 ajustes diretos que custaram mais de 818 mil euros aos cofres municipais. Um desses ajustes, por exemplo, foi a encomenda de um novo vídeo promocional do município viseense, intitulado de “Encontrei o meu Amor”. A sua produção, edição e realização custou 16.376 euros. O dinheiro foi entregue à empresa Ideias com Pernas.

Outro dos gastos feitos pela autarquia presidida por Fernando Ruas (PSD) foi a aquisição de cabazes de Natal. As compras, feitas já neste mês de dezembro, foram feitas em três empresas no valor total de 23.347,30 euros.

Em comparação com 2019, o último ano antes da pandemia e da flexibilização da lei dos ajustes diretos, estes tiveram uma subida na região. Há três anos, as 24 autarquias do distrito de Viseu fizeram 868 ajustes.

Viseu foi uma das poucas capitais de distrito que registaram uma quebra neste período de tempo. Em 2019, foram feitos 147 ajustes na autarquia então presidida por Almeida Henriques (PSD).

Autarquias gastam em eventos e promoção
Entre os ajustes feitos este ano, destaque também para os gastos com concertos em alguns concelhos do distrito.

Basta olhar para o caso de São João da Pesqueira, que voltou a organizar o certame Vindouro em setembro. Três dos cabeças de cartaz do evento, Tony Carreira, Bárbara Bandeira e Fernando Daniel, obrigaram a autarquia local a gastar muito do seu bolso para trazê-los ao município conhecido pela produção de vinho.

Só para o concerto de Tony Carreira, a Câmara de São João da Pesqueira pagou 35 mil euros à promotora do artista, a Regi Concerto. Por seu turno, trazer Fernando Daniel ao Vindouro custou 17 mil euros aos cofres do município pesqueirense. Já no caso de Bárbara Bandeira, foram pagos 10 mil euros.

Noutro concelho, o de Sátão, o concerto da cantora popular Romana na última Feira do Míscaro, que decorreu no passado mês de novembro, custou 9.750 euros à Câmara local.

Já em Mangualde, a autarquia local pagou 12.215 euros a uma empresa que prestou serviços de alojamento e refeições durante a Feira dos Santos e 14.740 euros a outro adjudicatário só para fazer a montagem e desmontagem das tendas para o certame.

Já em Sernancelhe, a Câmara Municipal gastou 8.751 euros na compra de copos para o evento cultural “Momentos com Vinho”. E, em Mortágua, foram despendidos 7.775 euros na aquisição de garrafas de vinho para serem utilizadas em vários eventos no concelho.

Outro exemplo de ajuste ocorreu em Resende, onde a autarquia gastou 28.850 euros na contratação de artistas para a Festa da Labareda. Também nesse concelho, foram gastos outros 30 mil euros na aquisição de serviços para a realização de uma etapa do 2.º Grande Prémio de Ciclismo Douro Internacional, uma prova que passou pelo concelho em julho passado.

Número de ajustes diretos por município no distrito de Viseu – 1 de janeiro a 12 de dezembro de 2022
• Armamar – 14
• Carregal do Sal – 13
• Castro Daire – 9
• Cinfães – 31
• Lamego – 60
• Mangualde – 48
• Moimenta da Beira – 24
• Mortágua – 48
• Nelas – 126
• Oliveira de Frades – 21
• Penalva do Castelo - 15
• Penedono – 15
• Resende – 26
• Santa Comba Dão – 20
• Sernancelhe - 72
• São João da Pesqueira - 79
• São Pedro do Sul – 25
• Sátão – 57
• Tabuaço – 32
• Tarouca – 43
• Tondela – 29
• Vila Nova de Paiva - 17
• Viseu – 77
• Vouzela – 30
• Total: 931 (54,1% dos contratos feitos pelas autarquias da região)

Quanto gastou cada município?
• Armamar – 200.327,17 euros
• Carregal do Sal – 183.600,3 euros
• Castro Daire – 98.022,85 euros
• Cinfães – 529.888,06 euros
• Lamego – 1.495.929,21 euros
• Mangualde – 972.948,36 euros
• Moimenta da Beira – 414.189,97 euros
• Mortágua – 708.015,55 euros
• Nelas – 638.966,54 euros
• Oliveira de Frades – 373.326,21 euros
• Penalva do Castelo – 237.324,16 euros
• Penedono – 213.866,99 euros
• Resende – 315.471,81 euros
• Santa Comba Dão – 223.359,49 euros
• São João da Pesqueira – 1.190.934,59 euros
• São Pedro do Sul – 639.463,94 euros
• Sátão – 683.088,54 euros
• Sernancelhe – 955.358,04 euros
• Tabuaço – 789.900,19 euros
• Tarouca – 497.801,04 euros
• Tondela – 605.929,38 euros
• Vila Nova de Paiva – 213.099,68 euros
• Viseu – 818.234,69 euros
• Vouzela – 434.327,30 euros
• Total – 13.433.374,06 euros