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05 de 09 de 2022, 18:16

Diário

Incêndios: 300 hectares de floresta já foram recuperados em Mortágua

Projeto quer intervencionar em 600 hectares de área ardida nos incêndios de 2017 no concelho

floresta mortágua

Fotógrafo: D.R./Câmara de Mortágua

O projeto de recuperação florestal que decorre desde novembro do ano passado em Mortágua já intervencionou cerca de 300 hectares de área ardida nos incêndios de 2017.

A iniciativa continua a decorrer numa organização da CELPA - Associação da Indústria Papeleira com o apoio da Câmara Municipal. O objetivo é recuperar e reabilitar até ao final do ano uma área de 600 hectares de área florestal, beneficiando mais de 1.200 proprietários no total.

“A esta área acrescem os 200 hectares que já foram intervencionados pelos proprietários e empresas do setor ainda antes da implementação do projeto”, acrescenta a autarquia.

O projeto-piloto abrange um perímetro florestal a sul do concelho, que se estende desde o Cabeço do Senhor do Mundo e a localidade do Freixo até à zona confinante à Estrada Nacional 228 e ao IP3 em Almaça.

António Macedo, coordenador da CELPA para o Programa de Recuperação de Ardidos em Mortágua, sublinha as virtualidades do projeto-piloto. “Esta é uma área que estaria abandonada na sua maioria, diria na ordem dos 70, 80 por cento, se não tivesse sido implementado este projeto, e com um risco acrescido de incêndio. O que estamos aqui a fazer é dar apoio técnico e financeiro, a 100%, para ajudar os proprietários a reabilitar e recuperar uma área de enorme potencial produtivo, deixando-a mais resiliente e traduzindo-se no futuro também num maior rendimento para os proprietários”, explicou.

A operação consiste na seleção de varas e na gestão de matos nas entrelinhas e linhas de plantação, gerindo desta forma as faixas de combustível na floresta, e também no controlo das espécies invasoras e da regeneração natural do eucalipto e na entrega gratuita de adubos.

“Este projeto permite garantir uma área de produção equilibrada, bem gerida, bem dimensionada, um território mais resiliente e produtivo, que é o que todos queremos”, disse António Macedo, que acrescentou que o projeto é “um excelente exemplo que deve ser mostrado, conhecido e replicado para outras zonas do país que sofreram também com os incêndios de 2017”.

Já o presidente da Câmara de Mortágua, Ricardo Pardal, realçou o facto de o projeto ser da maior importância para o concelho e lembrou o peso económico que a floresta tem na economia do concelho.

“Os proprietários têm aqui uma oportunidade de recuperar os seus terrenos para produção florestal, melhorar a produtividade e retirar mais valor da madeira. Os terrenos se forem abandonados vão dar lugar às espécies infestantes, vão acumular carga combustível, e agravar o risco de novos incêndios. Este apoio ao proprietário é absolutamente necessário, porque nem todos têm capacidade financeira para executar estas operações e temos de criar condições para que as pessoas continuem a investir na floresta e a criar riqueza”, disse o autarca.

O Município de Mortágua participa no projeto, quer ao nível da divulgação, quer ao nível das infraestruturas florestais “nomeadamente caminhos, pontos de água e faixas de gestão de combustíveis”.

Inserido no projeto Melhor Eucalipto da CELPA, o programa arrancou em novembro de 2021 com uma ação de divulgação no Freixo, uma das zonas do concelho mais atingidas pelos incêndios há cinco anos. Se nessa ação foi registada a adesão de cerca de 70 proprietários, agora são mais de duas centenas os proprietários aderentes e outros “já manifestaram vontade de aderir”.

Os proprietários com terrenos situados na zona que está a ser intervencionada e que estejam interessados em aderir podem contactar o Ninho de Empresas do Município de Mortágua (número 231 927 030) ou a Cerne Agroflorestal, empresa responsável pela identificação dos donos e pela realização dos trabalhos no terreno (912 139 788).