Jorge Lopes

07 de 12 de 2022, 15:28

Diário

Distrito de Viseu com 35 super-ricos, diz estudo

Viseu é um dos distritos onde há maior concentração de famílias com menos rendimentos em todo o país

IRS

Fotógrafo: D.R.

O distrito de Viseu tem 35 pessoas que integram os 0,1% mais ricos do país. Os dados são do Gabinete de Estudos do Ministério das Finanças (GPEARI), que fez recentemente um estudo sobre desigualdades de rendimento e IRS.

Os técnicos do Ministério estudaram os níveis e desigualdades de rendimentos declarados e englobados no imposto sobre os ganhos obtidos por pessoas singulares, com base em números de 2020.

Segundo o GPEARI, são muito poucos os super-ricos na região em comparação com quem vive nas grandes cidades do país como Lisboa e Porto. Em Viseu, concelho, das 69.169 declarações entregues, apenas 19 fazem parte dos 0,1% mais afortunados. Em contraste, 4.181 agregados representam os 10% mais pobres no concelho.

As famílias da cidade de Viriato reportaram em média um rendimento bruto anual de 13.760 euros. O total do rendimento declarado foi de 658 milhões de euros e foram liquidados 80 milhões de IRS.

Mas a maior desigualdade verifica-se no norte da região com os concelhos de Resende, Penedono e São João da Pesqueira a serem os mais desiguais num distrito que tem, de resto, uma das maiores concentrações de famílias com menos rendimentos em todo o país.

De acordo com o GPEARI, no rácio da população entre o 1% mais rico e o 10% mais pobre, Resende tem a taxa mais elevada com 375,72, seguido de Penedono (262,21) e São João da Pesqueira (260,60).

O mesmo cenário repete-se quando analisamos outros indicadores como o coeficiente de Gini, que é utilizado para avaliar a distribuição da riqueza numa escala de zero pontos, que significam total igualdade, a um ponto, que revela máxima desigualdade.

Calculando o coeficiente de Gini, mesmo depois de pago o IRS, os três concelhos estão com os valores mais elevados. No caso de Resende, que tem 12 pessoas a pertencer ao top 1% e 1.033 a englobar o 10% mais pobre, o coeficiente de Gini pós-imposto é de 0,44.

Já em Viseu, capital do distrito, o coeficiente pré-imposto ronda os 0,41. Depois de pago o IRS, o indicador desce para os 0,36.

Também segundo o Ministério das Finanças, existe pouca proporção percentual de rendimentos elevados na população da região. Com apenas uma pessoa a fazer parte do top 0,1% e 2 no top 1%, Penedono é o concelho do distrito com a maior percentagem de ricos dentro da população (tem cerca de 3 mil habitantes) com uma percentagem de 0,05%. Seguem-se Viseu, Tabuaço, Mortágua e Santa Comba Dão, todos com 0,03%.

Os concelhos de Armamar, Carregal do Sal, Castro Daire, Cinfães, Moimenta da Beira, Penalva do Castelo, Resende, São Pedro do Sul, Sernancelhe, Tarouca e Vila Nova de Paiva não têm ninguém que pertença aos 0,1% mais ricos.

Já Resende é o concelho com a maior proporção de pessoas com rendimentos baixos, tendo uma percentagem de 14,87%. Seguem-se Penedono (13,61%), São João da Pesqueira (13,43%), Cinfães (12,18%), Tabuaço (11,02%) e Armamar (11%). Viseu tem 6,04% da população no grupo dos 10% mais pobres.

A nível nacional, segundo o GPEARI, os 0,1% mais ricos receberam em média 264,4 mil euros em 2020, ou seja, cerca de 18,9 mil euros por mês. Os mais afortunados também pagaram uma taxa efetiva de cerca de 42,25% no IRS, um número inferior em comparação com a taxa marginal de 48% permitida por lei.

O Ministério das Finanças concluiu que o IRS foi responsável por reduzir as desigualdades de rendimento entre contribuintes, incluindo pensionistas, em 12% em 2020.

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