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11 de 02 de 2024, 10:00

Diário

Eleições: Os candidatos “de fora”, as renovações e o valor do voto

Listas com os candidatos ao círculo eleitoral de Viseu têm desde desempregados a instrutores de artes marciais. O cabeça de lista mais jovem tem 20 anos e muitos dos candidatos nem nasceram nem residem no distrito. Nos partidos com assento parlamentar na última legislatura houve renovações, mas quem voltasse a apostar na mesma fórmula. Saiba quanto vale um voto

LISTAS ELEIÇÕES TRIBUNAL

Fotógrafo: Jornal do Centro

Num círculo eleitoral que elege oito deputados, são 14 os partidos que concorrem em Viseu, mas nem todos os candidatos devem conhecer o distrito. Há forças partidárias em que quem as integra nem nasceu nem reside na região.

É o caso da Nova Direita, que concorre pela primeira vez, lista em que todos os candidatos são de Lisboa. Também o ADN chega mas fora do Continente. Excepto o cabeça de lista que é da Figueira da Foz, mas reside em Setúbal, todos os restantes elementos são de Ponta Delgada (Açores).

O Partido Reagir Incluir Reciclar (R.I.R.), conhecido por causa do Tino de Rans, apresentou-se com um cabeça de lista natural de Oliveira de Frades, com outros candidatos também do mesmo concelho e de S. Pedro do Sul, mas os restantes de Lisboa e Peniche.

Já no Alternativa 21 (que resulta da coligação entre o Movimento pela Terra e o Partido Aliança), há elementos de Mangualde, mas o cabeça de lista chega de Leiria.

Também o VOLT concorre, de novo, em Viseu, e os seus candidatos, além do distrito por onde concorrem, chegam de Lisboa e Guarda. O cabeça de lista do Ergue-te vem de Cantanhede, mas a restante lista tem membros de Viseu, Carregal do Sal ou Lamego.

E em 14 forças partidárias, apenas cinco são mulheres como cabeças de lista. Já as profissões são as mais variadas e até mesmo quem esteja desempregado. Mas encontram-se pastores, reformados, empresários, professores, investigadores académicos e gestores hoteleiros. Também há um biólogo, um instrutor de artes marciais e um estudante.

O candidato mais novo é José Miguel Lopes. Tem 20 anos.

E para que se perceba as razões que levam muitos dos partidos a concorrer em todos os círculos eleitorais, é de salientar que as contas para as subvenções públicas anuais obtêm-se através do número de votos de cada partido, partindo do IAS - Indexande de Apoios Sociais (509,26). O valor é equivalente à fração 1/135 do valor do IAS multiplicado pelo número de votos que cada partido obteve e com um desconto final de 10% - definido por lei.

Com esta fórmula, cada voto vale 3,77 euros por ano, ou seja, 15,08 euros em toda a legislatura (quatro anos). Basta que os partidos tenham obtido mais de 50 mil votos, mesmo que não consigam eleger nenhum deputado.

As renovações, os mesmos nomes e uma possível alteração dos lugares
Os principais partidos optaram por renovar os cabeças de lista, apostando em Leitão Amaro (AD) e Elza Pais (PS).

Num círculo eleitoral que outrora ficou conhecido por “cavaquistão” (devido às maiorias absolutas conseguidas no tempo de Cavaco Silva), o atual ‘vice’ social- -democrata António Leitão Amaro é o número um da lista da Aliança Democrática (AD), que tentará melhorar os resultados eleitorais de 2022.

Leitão Amaro é vice-presidente do PSD e professor universitário. Foi secretário de Estado da Administração Local do Governo de Pedro Passos Coelho e deputado à Assembleia da República entre a XI e XIII legislaturas, tendo decidido em 2019 não ser recandidato na legislatura seguinte.

Em janeiro de 2022, PS e PSD elegeram quatro deputados cada em Viseu (tal como tinha acontecido em 2019), mas os socialistas é que comemoraram a vitória. Dos 24 concelhos do distrito, o PS ganhou em 17, incluindo a capital, que é presidida pelo social-democrata Fernando Ruas.

Desde 1976, foi a segunda vez que o PS venceu no círculo eleitoral de Viseu. O partido tinha um único registo de vitória neste distrito, em 2005, quando alcançou 40,41% dos votos e quatro mandatos, tantos como o PSD, que conquistou 40,18% do eleitorado (com menos 495 votos), enquanto o CDS-PP elegeu um deputado, com 8,63% da votação.

O primeiro nome do CDS-PP a aparecer na lista da AD, em sétimo lugar, é o do antigo deputado da Assembleia da República Hélder Amaral.

Apesar dos resultados de 2022, o PS decidiu também mudar o cabeça-de-lista, apostando na investigadora académica em violência de género e presidente do Departamento das Mulheres Socialistas Elza Pais.

Elza Pais foi deputada à Assembleia da República entre a XI e XIV legislaturas. Também exerceu os cargos de secretária de Estado da Igualdade no XVIII Governo Constitucional, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, presidente do Instituto Português da Droga e da Toxicodependência e Alta Comissária do Projecto Vida, entre outros.

João Azevedo, antigo presidente da Câmara de Mangualde e vereador da oposição na Câmara de Viseu, que tinha sido o número um nas últimas legislativas, aparece agora noxa terceiro lugar.

A maioria dos partidos decidiu mudar os cabeças de lista, nomeadamente BE (José Miguel Lopes), PAN (Carolina Pia), RIR (Luís Lourenço), IL (Carlos Jesus), Livre (Luís Marques) e ADN (Maria Fernanda Modesto). Já a CDU (Alexandre Hoffmann Castela), o Chega (João Tilly), o Ergue-te (Vítor Ramalho) e o Volt (Tânia Campos) depositaram as suas esperanças nos mesmos nomes das últimas legislativas.

O Chega apresenta como número dois Bernardo Cappelle Homem Caldeira Pessanha, assessor de comunicação do Grupo Parlamentar do Partido do Chega e que já tinha exercido as mesmas funções em 2016, mas no grupo parlamentar do PSD. Uma aposta do partido que quer eleger deputados pelo Círculo de Viseu, situação que vários analistas políticos dizem poder vir a ser uma realidade com o partido a ir buscar eleitores quer à AD, quer ao PS.

A coligação Alternativa 21 será encabeçada por João Lopes (do MPT) e a Nova Direita por Teresa Braga. De acordo com os Censos de 2021, o distrito de Viseu tem 351.315 pessoas. Trata-se de um território