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15 de 10 de 2021, 09:30

Diário

Faz hoje quatro anos que o inferno desceu à terra. Fogos de 2017 ainda na memória

Mortes, casas e indústrias destruídas, empresas encerradas e floresta dizimada foram as principais consequências dos incêndios deflagrados na região de Viseu e noutros distritos do país em outubro de 2017. Um fenómeno inédito que teve contornos devastadores

incêndios 2017

Fotógrafo: Foto de arquivo

Faz hoje (15 de outubro) quatro anos desde que começaram a deflagrar os incêndios que acabariam por deixar uma região em cinzas. O inferno veio à terra durante dois dias.

Mais de uma dezena de mortes, casas e indústrias destruídas, empresas encerradas e floresta dizimada foram as principais consequências dos incêndios deflagrados na fatídica tarde de 15 de outubro. Entre os concelhos mais atingidos, estavam Tondela, Vouzela, Mortágua, Santa Comba Dão, Oliveira de Frades, Carregal do Sal e Nelas.

O distrito de Viseu foi mesmo um dos distritos mais atingidos pelos incêndios que assolaram o país inteiro, nomeadamente nas regiões Norte e Centro, durante dois dias.

Era um domingo quando as chamas começaram a surgir. Um fenómeno como nunca se tinha visto antes no país, motivado por uma combinação de fatores meteorológicos.

O fogo propagou-se rapidamente devido à chegada de ventos fortes provocados pelo furacão Ophelia, passando também pelo registo de elevadas temperaturas acima dos 30 graus e pela seca que se sentiu na Península Ibérica.

Nessa altura, chegaram a estar ativos mais de 400 fogos que destruíram várias casas e indústrias e cortaram estradas. Só na região de Viseu, morreram mais de uma dezena de pessoas vítimas dos incêndios. Os prejuízos ainda se contabilizam passados quatro anos.

O furacão Ophelia trouxe massas de ar quente e ventos fortes que potenciaram a dimensão dos fogos. Portugal chegou mesmo a pedir ajuda aos países vizinhos europeus e a Marrocos. O desespero tomou conta dos populares e mesmo dos bombeiros e das autoridades, que se queixaram da falta de meios e da inoperacionalidade de comunicações. A Linha da Beira Alta ficou cortada no troço entre Mortágua e Santa Comba Dão.

A devastação e o drama tomaram conta dos concelhos que foram assolados pelos incêndios. No rescaldo da altura, o presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, revelava que os fogos tinham destruído 90 por cento da área do município.

Em Santa Comba Dão, ardeu 80 por cento da mancha florestal. Em Oliveira de Frades, centenas de pessoas foram afetadas pelos fogos que consumiram fábricas e empresas. O Hospital de Viseu recebeu dezenas de pessoas queimadas. Até em Viseu se sentiu o efeito das chamas com o fumo a deixar a cidade com outra cor.

A tragédia só terminou a 17 de outubro. A chuva também ajudou.

Os fogos de 2017 (onde se inclui o de Pedrógão) levaram mais tarde à demissão da então ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa.

O dia 15 de outubro de 2017 foi considerado na altura o “pior dia” desse ano pela Proteção Civil. Ao todo, nos incêndios, morreram 51 pessoas. Cerca de 70 tiveram ferimentos. Arderam mais de 220 mil hectares de terreno.

E, das vítimas mortais, mais de um terço delas morreu em casa. As restantes perderam a vida a tentar fugir das chamas. Mais de 80 por cento da floresta da região de Viseu também desapareceu num fogo que chegou também às zonas urbanas.

Após os fogos, a ajuda começou a chegar com o envolvimento de diversas instituições. As autarquias, juntamente com as comissões de coordenação e desenvolvimento regional, empenharam-se na reconstrução de habitações destruídas, cujo processo está praticamente agora concluído.

Também o Estado avançou com o pagamento de indemnizações a familiares das vítimas mortais, no valor de cerca de 31 milhões de euros. Ainda até hoje, os prejuízos continuam a ser contabilizados.

Passados quatro anos depois, os incêndios continuam a causar vivas memórias. O interior foi palco de um cenário que parecia de guerra e de muito sofrimento, como ainda relatam aqueles que viveram este drama.