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11 de 08 de 2022, 16:25

Diário

Feira de São Mateus: Público rendeu-se a espetáculo de teatro, mas deixou críticas à organização

Público queixou-se da mudança do local do espetáculo, organização fala em “problemas logísticos”. Concerto da Feira ter começado ainda a peça decorria foi outra das reclamações

PASSAROLA ACERT FEIRA SAO MATEUS 2

Fotógrafo: Feira de São Mateus

O espetáculo de teatro “A Passarola”, da ACERT, foi uma das propostas culturais dos primeiros dias da Feira de São Mateus, que acontece em Viseu até 21 de setembro. Inspirada no romance de José Saramago, “O Memorial do Convento”, a peça reuniu vários elogios mas também algumas críticas, sobretudo nas redes sociais.

Anunciado como parte da programação da feira franca, o espetáculo aconteceu fora do recinto, junto à Cava do Viriato, mas foram muitos os que foram “ao engano”. No ‘site’ da Feira de São Mateus indicava que a peça aconteceria no palco principal, onde pouco depois atuaria Fernando Daniel.

Para esse dia de certame era preciso adquirir bilhete e foi o que muitos fizeram, pensando que estariam a pagar para ver a peça. “Convinha dizer que a peça de teatro, a Passarola, é fora da Feira.
Na bilheteira da Feira nem sabiam onde era a peça. 5 euros para entrar na Feira e "ver o teatro" que...era de graça, no exterior”, foi um dos comentários deixados nas redes sociais do Jornal do Centro.

Também nas páginas oficiais do certame os comentários foram de desagrado. “Deviam ter avisado o público sobre a mudança de sítio... A programação da Feira de São Mateus indicava que o espetáculo seria no palco principal! Apesar da falta de respeito da organização pelo público, o espetáculo foi excelente!”, disse uma das dezenas de pessoas que assistiu à peça.

Outra das críticas apontadas à organização foi o momento em que o concerto começou, ainda a peça estava a decorrer. Nas redes sociais o público de “A Passarola” garantiu que teve dificuldades em ouvir o espetáculo da ACERT.

“Começar o concerto antes de o espetáculo de teatro ter acabado foi uma falha da organização”, escreveu um espetador na página de Facebook do Jornal do Centro. “Deviam ter respeitado todos os atores e não ter começado o espetáculo musical antes deste ter terminado! Foi uma vergonha!”; “Por respeito aos atores e publico o espetáculo a seguir deveria ter esperado pois foi uma fantástica peça de teatro, muitos parabéns aos atores que conseguiram continuar com o barulho de fundo, com todo respeito pelo artista....o erro foi na organização”, foram outros dos comentários que inundaram as redes sociais.

Ao Jornal do Centro, o presidente da Viseu Marca, responsável pela organização da Feira de São Mateus, explicou que o local teve que ser alterado “por problemas logísticos”.

“Não foi possível a instalação do cenário dentro do recinto e, por isso, toda a estrutura foi montada num local próximo, onde já se realizaram outros espetáculos”, referiu.

Quanto ao facto de o concerto ter começado enquanto a peça decorria, Pedro Alves disse que além de haver “contratos a cumprir”, a peça acabou por se estender no tempo. “O concerto tinha que começar às 22h00, ainda atrasamos 10 a 15 minutos”, destacou. Pedro Alves garantiu ainda que “uma situação como esta não se voltará a repetir”.

Pompeu José, encenador da peça, garantiu que, apesar dos contratempos, o espetáculo “não perdeu qualquer valor” e sublinhou o “esforço de todos para encontrar as melhores soluções”.

“A alteração foi também uma opção nossa, não havia um espaço no recinto que nos permitisse fazer o espetáculo. A parte final, onde o concerto coincidir com a peça, penso que terá sido uma desarticulação e não será uma culpa individualizada, mas claro que não poderia acontecer”, explicou.

Ainda assim, Pompeu José reforçou todo o esforço e capacidade da Viseu Marca em erguer o espetáculo na Feira de São Mateus. “É de valorizar a Viseu Marca que arriscou em trazer para o programa algo diferente, como foi este espetáculo”, disse.

Pompeu José deixou ainda uma palavra de agradecimento “às centenas de pessoas que assistiram ao espetáculo”, que no próximo mês de setembro, dia 3, “voa” até Lisboa, onde será apresentado no Campo das Cebolas, junto à Fundação José Saramago.

A "Passarola" é um espetáculo do Trigo Limpo teatro ACERT, em parceria com a Fundação José Saramago. Foi a partir da narrativa ficcional do livro de José Saramago que a ACERT criou uma dramaturgia centrada nos momentos com maior capacidade de teatralização relativos à história da construção, viagem e final trágico da “máquina de andar no ar”.