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27 de 01 de 2023, 12:22

Diário

Hoje é o Dia Internacional de Memória às Vítimas do Holocausto

Aristides de Sousa Mendes, natural de Cabanas de Viriato, salvou milhares de judeus do regime nazi durante a Segunda Guerra Mundial

Casa de Aristides de Sousa Mendes

Fotógrafo: Igor Ferreira

Assinala-se esta sexta-feira o Dia Internacional de Memória às Vítimas do Holocausto. A data é comemorada para recordar o período final da Segunda Guerra Mundial. Há precisamente 78 anos, as tropas soviéticas libertaram o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.

Aristides de Sousa Mendes foi uma figura que também marcou a história da grande guerra, uma vez que o antigo cônsul português, natural de Cabanas de Viriato (concelho de Carregal do Sal), salvou milhares de judeus do regime nazi.

Aristides de Sousa Mendes nasceu em Cabanas de Viriato, a 19 de julho de 1885, e morreu em abril de 1954, no Hospital Franciscano para os Pobres, em Lisboa.

Pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, Aristides assume funções como cônsul em Bordéus, França, onde viria a desobedecer às ordens vindas do Governo português liderado por António de Oliveira Salazar. Em 1939, Portugal emitiu uma diretiva apelidada de “Circular 14”, que condicionava a emissão de vistos aos refugiados por diplomatas portugueses, sem autorização prévia.

Aristides de Sousa Mendes salvou milhares de judeus e outros refugiados do regime nazi, emitindo vistos à revelia das ordens da ditadura – a maioria entre 12 e 23 de junho de 1940 - o que lhe valeu mais tarde a expulsão da carreira diplomática, acabando por morrer na miséria. Em 1966, o Memorial do Holocausto, em Jerusalém, prestou-lhe homenagem, atribuindo-lhe o título de ‘Justo entre as Nações’.

Em Portugal, em abril de 1988, a Assembleia da República decretou, por unanimidade, a reintegração, a título póstumo, na carreira diplomática do ex-cônsul em Bordéus, reconhecendo-se também o direito a indemnização reparadora aos herdeiros diretos.

Aristides foi também condecorado, a título póstumo, em 1986, com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade e, em 1995, com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, ambas pelo Presidente Mário Soares e mais recentemente em 2016, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, por Marcelo Rebelo de Sousa. Em 2021, o ex-cônsul recebeu honras de Panteão Nacional.

A sua residência em Cabanas de Viriato, a Casa do Passal, está a passar por obras de requalificação e musealização. Segundo anunciou em novembro último o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, o Museu Aristides de Sousa Mendes deverá abrir portas no final de 2023.

Hoje o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, defendeu que no presente se exige intransigência e determinação constante na luta contra todas as formas que negam a dignidade humana e recordou esta efeméride.

“Não podemos esquecer o Holocausto. Isto é, não podemos esquecer este crime bárbaro perpetrado pelos nazis que procuraram exterminar os judeus - e exterminaram seis milhões de judeus. E, para além deles, procuraram eliminar opositores políticos, homossexuais e membros de minorias ciganas”, disse. Recordar isso, segundo o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, “é não esquecer esse crime”.

“Não esquecer para não deixar que ele se repita. Significa ser intransigente, determinando, constante na luta contra todas as formas que negam a dignidade humana seja a quem for”, frisou.