Geral

09 de 03 de 2024, 12:00

Diário

Mais de metade dos desempregados no distrito de Viseu são mulheres

A maioria das mulheres trabalhadoras em Portugal recebia uma remuneração base mensal bruta até mil euros em 2023. No distrito de Viseu, há mais de sete mil mulheres desempregadas

IEFP Centro de Emprego

Fotógrafo: Igor Ferreira

O distrito de Viseu atingiu em janeiro as 12 279 pessoas inscritas nos centros de emprego, dos quais 7 018 eram mulheres. Os números representam uma subida face ao mês de dezembro, altura em que o distrito tinha 11 845 pessoas à procura de trabalho, incluindo 6 778 mulheres. Há um ano, dos 12 476 inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), 7 320 eram do sexo feminino.

Tendo em conta a população do distrito (341 534 habitantes segundo as estatísticas mais recentes), a taxa de desemprego ronda os cerca de 3,6 por cento.

O concelho de Viseu tinha no início de 2024 um total de 2 643 pessoas à procura de emprego, seguido de Lamego (1 489) e de Cinfães (1 027), completando o ‘pódio’ do desemprego no distrito.

Moimenta da Beira regista 670 desempregados, Tondela 583, Mangualde 553, Resende 549, São Pedro do Sul 507, Castro Daire 474, Tarouca 452, Nelas 392, Sátão 375 e Santa Comba Dão 329. Seguem-se os concelhos de Tabuaço (289), Carregal do Sal (277), Oliveira de Frades (261), Armamar (259), Vouzela (223), Penalva do Castelo (189), Sernancelhe (188), São João da Pesqueira (183), Mortágua (159), Vila Nova de Paiva (149) e Penedono (59).

Do número total de pessoas inscritas nos centros de emprego do IEFP, 1 612 estão à procura do primeiro trabalho e 1 470 têm menos de 25 anos.

Em termos nacionais, a taxa de desemprego baixou 0,5 pontos percentuais para 6,5% em janeiro em termos homólogos, mantendo-se em relação a dezembro de 2023, segundo dados provisórios divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Naquele mês registaram-se 347 mil desempregados, mais 0,4% face a dezembro de 2023 e menos 1,5% e 5,9% face a três meses antes e ao mês homólogo de 2023, respetivamente.

Estudo
Quase 70% das mulheres trabalhadoras em Portugal recebia uma remuneração base mensal bruta até 1.000 euros em 2023, segundo um estudo elaborado pela CGTP, por ocasião da semana da igualdade e do Dia Internacional da Mulher que se assinala esta sexta-feira.

De acordo com o estudo da Comissão para a Igualdade da CGTP, realizado com base em estatísticas oficiais, em novembro de 2023, a força de trabalho feminina era composta por 1.944.911 mulheres, das quais 68,3% recebiam uma remuneração base até 1.000 euros brutos.

Os dados, baseados nas declarações de remunerações à Segurança Social, indicam por sua vez que a percentagem de homens a ganhar até 1.000 euros brutos era menor (63,3% do total de 2.275.547 trabalhadores homens).

Quase metade (46%) das mulheres recebia no máximo 800 euros de salário base bruto, enquanto no caso dos homens essa percentagem era de 38,7%.

Segundo o documento, mais de um quinto (22%) das mulheres recebia apenas o salário mínimo nacional em 2023 (que era de 760 euros), face a 19,5% dos homens, de acordo com dados da Segurança Social citados no estudo.

A CGTP refere ainda que, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento médio salarial líquido das mulheres era de 965 euros no 4.º trimestre de 2023, face a 1.140 euros dos homens, uma diferença de 15%.

Já os quadros de pessoal de 2022 apontavam para um diferencial de 13,4% em desfavor das mulheres no salário base bruto, “não se registando melhorias face ao ano anterior” e com as diferenças a acentuarem-se entre os mais qualificados.

“Os baixos salários, além de atirarem para a pobreza uma em cada dez trabalhadoras, obrigam muitas a ter mais do que um emprego”, realça a central sindical.

No ano passado, 128,5 mil mulheres tinham uma segunda atividade profissional, um aumento de 22% face a 2021 (mais 23 mil), constituindo 51% do total de 251 mil trabalhadores com um segundo trabalho.

O peso do segundo emprego no total das mulheres trabalhadoras passou de 4,5% em 2021 para 5,2% em 2023, acompanhando o aumento do custo de vida, indica a CGTP, referindo que também nos horários e organização do tempo de trabalho “não houve melhorias”.

No final de 2023, perto de 1 milhão e 800 mil dos trabalhadores por conta de outrem em Portugal trabalhavam por turnos, dos quais 49% eram mulheres (872,6 mil), sendo entre elas que este tipo de horários mais tem crescido nas últimas duas décadas.

O teletrabalho abrangeu perto de um milhão de trabalhadores (929 mil) no país (17,8% do emprego total), representando as mulheres 52% do total.