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24 de 02 de 2023, 12:05

Diário

Marcelo recorda Aristides de Sousa Mendes no aniversário da guerra na Ucrânia

Presidente da República evocou memória do antigo cônsul natural de Cabanas de Viriato para destacar a solidariedade do povo português para com os ucranianos. Faz esta sexta-feira um ano que a Rússia invadiu a Ucrânia

Marcelo Rebelo de Sousa

Fotógrafo: Igor Ferreira

O Presidente da República recordou esta sexta-feira (24 de fevereiro) a figura de Aristides de Sousa Mendes na mensagem que escreveu a propósito do primeiro aniversário da guerra na Ucrânia.

Marcelo Rebelo de Sousa recorreu aos ensinamentos do antigo cônsul de Portugal em Bordéus, natural de Cabanas de Viriato (concelho de Carregal do Sal) e que atribuiu milhares de vistos de entrada em Portugal a refugiados de várias nacionalidades que fugiam da ocupação nazi na Segunda Guerra Mundial, para enaltecer o humanismo demonstrado pelo povo português relativamente aos seus pares ucranianos.

"As autoridades portuguesas e o povo português têm sido incansáveis na demonstração do espírito humanitário que nos caracteriza, acolhendo todos os ucranianos fugidos da guerra que nos pediram ajuda, numa coordenação com ONG’s e parceiros europeus de que nos orgulhamos. Somos um povo de coração grande, humanista, vinculado aos valores da Europa da paz e da generosidade, como tão bem nos ensinou Aristides de Sousa Mendes", frisou.

O chefe de Estado manifestou ainda o "apoio inquebrantável" de Portugal à Ucrânia e reiterou a convicção de que a liberdade e a paz irão triunfar sobre "esse ato intolerável" cometido pela Rússia.

"Um ano depois do início da guerra na Ucrânia, mantemos o apoio inquebrantável à sua legítima defesa, aos seus refugiados, à sua reconstrução, à sua vocação europeia", escreveu Marcelo Rebelo de Sousa numa nota colocada no portal da Presidência da República na Internet intitulado "No Regresso da Guerra à Europa".

O chefe de Estado coloca-se ao lado da Ucrânia "no caminho da integração europeia" e realça a firmeza de Portugal "na unidade das decisões na União Europeia e na NATO".

"Cremos, sem hesitações, que a Democracia, a Liberdade e a Paz prevalecerão na Europa. Viva o Povo Ucraniano", salientou o Presidente português, quando faz um ano que a Rússia "invadiu ilegal e ilegitimamente a Ucrânia, iniciando uma guerra na Europa, em violação dos princípios basilares do Direito Internacional, da Carta das Nações Unidas e dos acordos assinados após a dissolução da União Soviética".

Marcelo lembrou que "Portugal condenou desde a primeira hora esse ato intolerável, apoiando inequivocamente a legítima defesa da Ucrânia, que lhe assiste à luz do Direito Internacional e correspondendo à entreajuda europeia e transatlântica que prontamente solicitou".

"A posição de Portugal não se alterou um milímetro ao longo deste ano e assim continuará até a Ucrânia garantir as condições de segurança que entenda estarem cumpridas para se iniciar um roteiro político com vista a uma paz duradoura", sublinhou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.199 civis mortos e 11.756 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.