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17 de 06 de 2024, 15:34

Diário

Moções aprovadas na Assembleia Municipal de Viseu a exigir reabertura total da Urgência Pediátrica

Objeto das moções a propósito do Hospital de Viseu é o mesmo, mas considerandos afastam direita e esquerda na hora da votação

A Assembleia Municipal de Viseu aprovou esta segunda-feira duas moções que exigem a reabertura total da Urgência Pediátrica da Unidade Local de Saúde (ULS) Viseu Dão Lafões, que está encerrada durante a noite desde o início do mês.
A primeira moção, apresentada pelo grupo municipal do PSD e aprovada com nove abstenções, exige ao Governo “a reabertura plena” da Urgência Pediátrica e pede à ministra da Saúde “a substituição do conselho de administração demissionário, no mais curto espaço de tempo”.

Os deputados municipais do Bloco de Esquerda (BE) apresentaram uma segunda moção, que foi aprovada com uma abstenção e exige não só a reabertura da Urgência Pediátrica durante a noite, como também “um Serviço Nacional de Saúde presente em todo o território, sem descurar o interior do país”. Um documento que já tinha sido apresentado no final da semana passada e onde foi pedida a união entre todos os partidos.

As duas moções divergem sobretudo nos considerandos, com a do PSD a criticar o Centro Hospitalar Tondela Viseu, agora integrado na ULS Viseu Dão Lafões, por ter “vindo a perder prestígio e credibilidade junto da comunidade por más opções de gestão e por ausência de políticas públicas capazes de corresponder aos desafios e aspirações da instituição e da comunidade”.

O deputado social-democrata Pedro Alves apontou exemplos, como o atraso na ampliação do serviço de urgência e a não concretização do Centro de Ambulatório e Unidade de Radioterapia, mas considerou que “ainda mais preocupante é assistir a uma debandada de profissionais de saúde para outras unidades públicas sem que o conselho de administração encontre estratégias para os fixar em Viseu”.
Ainda sobre a apresentação das duas moções, os membros do PS, pela voz de João Paulo Rebelo, propuseram que fosse apresentada uma só, fundido os dois textos, mas a proposta foi recusada pela bancada do PSD.

Pedro Alves admitiu a “dificuldade” em fundir as duas moções porque embora o objeto seja o mesmo, “a verdade é que os considerandos são diferentes e alguns problemas que se foram agravando na Saúde advém das más políticas do passado em que havia uma geringonça e o BE também lá estava”.

Ainda na discussão sobre a situação do Hospital e o pedido de demissão da administração hospitalar, no entender do PSD, o conselho de administração, “incapaz de encontrar soluções para reverter a sua decisão, agravou o acesso aos cuidados de saúde para as crianças, encerrando o atendimento durante todas as noites do mês de junho”.
“Esta incapacidade levou à intervenção direta da ministra da Saúde, que impôs a apresentação de um plano para mitigar este problema, no imediato, que, embora tenha sido apresentado e aprovado, o conselho de administração não foi capaz de concretizar”, disse Pedro Alves, frisando que “a demissão foi a saída possível”.

O social-democrata lembrou que esse plano devia estar hoje a ser implementado e que o pedido de demissão do conselho de administração, na quinta-feira, não foi um acaso, mas sim “uma revelação clara da incompetência e da incapacidade de colocar em curso o plano, porque, se não o fizessem de acordo com o que tinha sido acordado, o desfecho seria uma demissão de exoneração”.
“O que assistimos na reunião (entre o conselho de administração e membros da Assembleia Municipal) foi sempre uma procura de encontrar dificuldades para a execução do que quer que seja”, afirmou, considerando que “cabe a quem gere encontrar soluções, não apenas fazer diagnósticos”.

A deputada socialista Lúcia Araújo Silva contou que nessa reunião, em que também participou, foram referidos dados relacionados com a especialidade de Pediatria, o número de vagas e o facto de muitos médicos serem atraídos pelas condições dadas nos hospitais privados.
“O hospital dá resposta aos casos urgentes e emergentes. E também informaram [na reunião] que 75% dos casos que vão à urgência não são referenciados”, afirmou a deputada, pedindo que se passe uma mensagem de confiança e os pais sejam esclarecidos de que, antes de levarem os filhos à urgência, “há outros mecanismos a podem recorrer”.
Durante a manhã, o conselho de administração anunciou o lançamento de “um modelo de atendimento para garantir melhor resposta às crianças com doença aguda, ou seja, situações urgentes/emergentes”.

“O objetivo é reforçar a capacidade de resposta em rede 'lado a lado', envolvendo os Cuidados de Saúde Primários (entre as 08:00 e as 23:00) e os Serviços de Urgência Básica (entre as 23:00 e as 08:00), garantindo que, no período noturno, a Urgência Pediátrica de Viseu possa dar resposta aos casos emergentes (INEM), mantendo o apoio fundamental às crianças internadas e ao Bloco de Partos”, explicou.