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06 de 04 de 2023, 14:21

Diário

Viseu: Maior percentagem de vítimas apoiadas pela APAV está no norte do distrito

A menor percentagem, tendo em conta o número de casos e a população residente, está em concelhos da região de Lafões. Em 2022, a APAV apoiou 120 vítimas em todo o distrito de Viseu

VIOLÊNCIA NAMORO FORÇA MEDO PESSOAS MÃOS AJUDA (1)

Fotógrafo: DR

Os concelhos do norte do distrito de Viseu são os que apresentam a maior percentagem de vítimas apoiadas pela Associação de Apoio à Vítima de Violência (APAV), no último ano. Os números são do relatório disponibilizado pela associação.

São João da Pesqueira, Tarouca e Armamar, respetivamente, ocupam o “top 3” dos concelhos com a maior percentagem, tendo em conta o número de casos e a população residente. Em São João da Pesqueira, em 2022, a APAV apoiou seis vítimas o que representa 0,08 por cento dos habitantes, número que se repete em Tarouca, onde também foram apoiadas seis pessoas, com uma percentagem de 0,08%. Já Armamar tem uma percentagem de 0,07%, com quatro vítimas.

Com a percentagem mais reduzida estão dois concelhos da região de Lafões, com 0,01%. Em São Pedro do Sul foram apoiadas três vítimas e Vouzela registou uma pessoa.

Viseu com o maior número de vítimas apoiadas
Se analisarmos o número absoluto de vítimas, em todo o distrito de Viseu, a APPAV apoiou 120 vítimas. Viseu é o concelho com o maior registo, 20 pessoas. Segue-se Tondela com 11 vítimas apoiadas, Cinfães e Lamego com oito, São João da Pesqueira e Tarouca com seis.

Com cinco vítimas apoiadas pela APAV estão os concelhos de Castro Daire, Mortágua, Nelas e Oliveira de Frades. Em Armamar, Carregal do Sal, Mangualde, Penalva do Castelo e Santa Comba Dão foram sinalizadas quatro pessoas e em Resende, São Pedro do Sul, Sátão e Tabuaço foram apoiadas três vítimas.

Os concelhos com o menor número de vítimas apoiadas são Moimenta da Beira, Penedono, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva com dois e Vouzela com uma.

Número de vítimas baixou em relação a 2021
Comparativamente a 2021, distrito de Viseu registou menos uma vítima em 2022. O concelho que apresentou a maior redução de pessoas apoiadas foi Viseu, passando de 34 em 2021, para 20 em 2022.

Já São João da Pesqueira foi o concelho onde o número de vítimas aumento, de uma para seis pessoas. Nos números disponibilizados pela APAV, relativos a 2021, não têm referência aos concelhos de Vila Nova de Paiva e Vouzela. No relatório deste ano, Vila Nova de Paiva aparece com duas vitimas e Vouzela com uma.

A nível nacional, a APAV fez 83.322 atendimentos, mais 25,5% do que em 2021, apoiando diretamente 16.824 pessoas.

“Estes atendimentos realizaram-se nos vários serviços de proximidade: Gabinetes de Apoio a? Vítima, Equipas Móveis de Apoio à Vítima, Polos de Atendimento em Itinerância, Sub-Redes Especializadas e Casas de Abrigo, Sistema Integrado de Apoio a? Dista?ncia e Linha Internet Segura”, refere a APAV, no relatório.

A associação diz ter apoiado “um total de 14.688 vítimas diretas de crime e de violência, o que representa um aumento de 10,9% de vítimas face ao ano transato”.

Segundo a APAV, estes números revelam que durante o ano passado, a associação atendeu, em média, todas as semanas 157 mulheres, 50 crianças e jovens, 30 homens e 29 idosos, o que representa igualmente 40 vítimas por dia.

“Entre todos os crimes e outras situações de violência registadas pelos vários Serviços de Proximidade da APAV, os crimes contra as pessoas, como a violência doméstica ou os crimes sexuais, representam cerca de 94% do total”, refere a organização.

Relativamente aos crimes ou outras formas de violência reportadas, a violência doméstica surge de forma destacada, com 21.588 ocorrências, 77,4% do total, seguindo-se os crimes sexuais contra crianças e jovens, com 4,9% dos crimes.

A média de idades das crianças e jovens apoiadas pela APAV em 2022 é de 10 anos e 60% destas vítimas menores eram do sexo feminino.

“A Rede CARE – apoio a crianças e jovens vítimas de violência sexual tem-se dedicado ao apoio especializado a este tipo de vítimas, partindo do modelo de apoio da APAV para o desenvolvimento de procedimentos próprios, específicos para esta tipologia de crime”, refere a associação.

O perfil geral das vítimas que recorreram à APAV aponta para uma maioria de mulheres (77,7%), com idade média de 40 anos, e grau de escolaridade ao nível do ensino superior (7,3%).

Em termos de faixas etárias, as vítimas que recorreram à APAV em 2022 situavam-se fundamentalmente entre os 25 e os 54 anos de idade (39,6%), acompanhando uma tendência crescente já verificada em anos anteriores.

As vítimas menores (menos de 18 anos de idade) que procuraram apoio na APAV registam aumentos expressivos face a 2021, tendo-se registado no ano passado 2.595 (17,7%), o “maior número alguma vez registado pela APAV”.

A associação refere que o número de pessoas idosas vítimas (65 ou mais anos de idade) é igualmente elevado, tendo havido 1.528 pessoas (10,4%), ainda que ligeiramente mais baixo do que em 2021, quando 1.594 (12%) pediram ajuda.

Relativamente ao autor do crime, a APAV refere ter tido conhecimento de 14.824 pessoas, a maior parte do sexo masculino (62%), “mantendo-se, desta forma, a tendência de anos anteriores”.

A APAV destaca ainda que do total de contactos feitos para a associação, 47,8% foram feitos pela própria vítima, enquanto 43,1% foram por amigos, conhecidos ou familiares das vítimas.