Carlos Eduardo

31 de 08 de 2022, 12:00

Cultura

"A Gaivota" de Tchékhov voa na Quinta da Cruz em setembro

Espetáculo da associação artística "Ritual de Domingo" vai passar ainda por Carregal do Sal e Nelas. Teatro envolve comunidades locais e debruça-se sobre a natureza, a arte e o território, numa adaptação de um clássico da dramaturgia russa

Apresentação da peça de teatro A Gaivota de Tchékhov pela associação artistica Ritual De Domingo

Fotógrafo: Igor Ferreira

A Quinta da Cruz, em Viseu, vai ser o primeiro palco do espetáculo "Gaivota". Trata-se de uma adaptação da peça com o mesmo nome do autor russo Anton Tchékov. A diretora artística da associação artística "Ritual de Domingo", Sónia Barbosa, explicou que "Tchekov é um dramaturgo que me acompanha já há muitos anos no meu percurso artístico", assumindo que o autor russo "é a minha grande paixão".

Na conferência de imprensa de apresentação de "A Gaivota", a encenadora e responsável pela adaptação dramatúrgica do espetáculo, adiantou que a associação artística que dirige tem demonstrado vontade de se aproximar dos vários públicos que existem. "Por exemplo, o público do Teatro Viriato está habituado a um determinado tipo de contexto e de espetáculo, mas nós achamos que há outros públicos que estão aqui e que precisam e nós precisamos deles e de chegar até eles. A relação com as comunidades têm sido algo muito importante para nós nos últimos anos", concretizou.

O espetáculo conta com a participação de três grupos musicais do distrito: a Associação Folclórica, Cultural e Recreativa Verde Gaio de Lorsosa, o Coro Polifónico Naco Cantat e o Coro Polifónico Naco Cantat e Comunidade Lapa do Lobo.

Sónia Barbosa assinalou que "Tchékhov é um humanista e um ambientalista, antes mesmo de haver o termo ambientalista ele já o era". A encenadora de "A Gaivota" diz que o autor russo "tem uma relação muito especial com a natureza", avançando que "não é por nada que o espetáculo se chama "A Gaivota", não é por nada que se passa na margem de um lago, numa quinta como esta, onde as pessoas estão ligadas à natureza".

Um espetáculo que fará o público ficar diante da relação da arte com a vida, especificamente o teatro e a vida. "Tchékov era uma pessoa muito curiosa sobre como são os artistas, como fazem arte e como se relacionam com o mundo, a relação entre sociedade e artistas. Na Ritual de Domingo preocupa-nos, e acho que a todos os artistas, sobre que papel temos nós na sociedade e quais são as formas mais justas de nos aproximarmos dos públicos. São temas que fazem parte das nossas preocupações atuais e que já estavam nesta peça", frisou Sónia Barbosa.

Este é um projeto artístico que é financiado pelo programa de apoio municipal aos agentes culturais: o Eixo Cultura. Nesta sessão, a vereadora da Cultura na Câmara de Viseu, Leonor Barata, defendeu que o esforço financeiro da autarquia "vale totalmente a pena pelo retorno que temos de trabalho criado, projetos apresentados, visibilidade das artes no município". Mas a autarca vai mais longe e assinala que o executivo tem a "exata noção de que o dinheiro que investimos agora é dinheiro que se multiplica no futuro". "As pessoas acabam por transformar aquilo que recebem em múltiplas atividades", reforçou Leonor Barata.

A responsável pela pasta da Cultura na Câmara de Viseu acrescentou que ver Tchéckov na Quinta da Cruz "é a prova de que a diversidade cultural se faz disto e de que os equipamentos municipais estão cá para serem utilizados e transformados".

"A Gaivota" começa a voar na Quinta da Cruz já no dia 8 de setembro e ali se instala até dia 11 desse mês. Serão quatro espetáculos neste espaço. Depois, segue até à Quinta da Bela Vista, em Carregal do Sal pra apresentar a adaptação da obra do russo Tchékhov a 18 de setembro. O último espetáculo para já previsto está marcado para 24 de setembro na Fundação Lapa do Lobo, em Nelas. Todos os espetáculos estão agendados para as nove da noite.